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Conselheiro da Braskem diz que tragédia de Maceió não existiu

O empresário João Pinheiro Nogueira Batista foi alvo de críticas pela declaração e afirmou que se referia à ausência de mortos

Por Redação* 29/01/2024 15h03 - Atualizado em 29/01/2024 17h05
Conselheiro da Braskem diz que tragédia de Maceió não existiu
Afundamento atingiu os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol - Foto: Davysson Mendes/Secom Maceió

O integrante do Conselho de Administração da Braskem, João Pinheiro Nogueira Batista, causou polêmica ao afirmar em publicação no LinkedIn, na última sexta-feira (26), que a “dita tragédia em Maceió não existiu”.

A postagem do conselheiro, que também é CEO da Lojas Marisa, gerou muitas críticas e, após a repercussão, o executivo editou o texto e incluiu o trecho “em termos de vidas perdidas”. De acordo com informações da Folha de S. Paulo, a versão original da declaração era: “A dita tragédia de Maceió não existiu. Graças a Deus não morreu ninguém. A ação coordenada de todos e a liderança da Braskem evitaram a tragédia. Não perdemos uma vida!”.

Veja:

Foto: Reprodução/Internet


O desastre ambiental causado pela extração de sal-gema em Maceió pela Braskem afetou mais de 40.000 pessoas, que desocuparam 14.000 nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol, onde houve afundamento do solo e o aparecimento de rachaduras nas casas.

Como resposta, Nogueira Batista, que integra o conselho da Braskem desde 2019, afirmou que a sua publicação se refere a ausência de mortos.

“No meu post realço apenas que a ação preventiva da Braskem e dos agentes públicos evitaram uma tragédia, no sentido que não ocorreu, felizmente, uma morte sequer. Não há mais risco para ninguém. A área afetada se tornará um parque, provavelmente. Os problemas e desafios envolvendo a transferência de pessoas foram abraçados da melhor forma possível”, afirmou.

João Pinheiro Nogueira Batista, integrante do Conselho de Administração da Braskem. Foto: Reprodução


O texto do CEO da Lojas Marisa foi um comentário à publicação “Caso Pinheiro: a maior tragédia que o Brasil já evitou“, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O termo faz referência ao bairro onde as primeiras rachaduras foram registradas. A postagem do conselho trata do acordo firmado entre o MPF (Ministério Público Federal), MP-AL (Ministério Público de Alagoas), Defensoria Pública e Braskem para a indenização de 9.600 famílias afetadas pelo desastre.

Quando procurada, a Braskem afirmou que “não comenta a opinião pessoal de seu conselheiro”. Em nota, a petroquímica disse ainda que desenvolve ações para mitigar impactos decorrentes da atividade nos 5 bairros de Maceió desde 2019.

Leia a nota da Braskem na íntegra:


“Desde 2019, a Braskem desenvolve ações em Maceió com foco na segurança das pessoas e na implementação de medidas amplas para mitigar, compensar ou reparar impactos decorrentes da desocupação de imóveis nos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro, Mutange e Farol. Todas as ações são fiscalizadas pelos órgãos competentes.

“Uma dessas ações é o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF), que chegou ao fim de dezembro de 2023 com 19.108 propostas apresentadas aos moradores da área de desocupação definida pela Defesa Civil de Maceió em 2020. O número equivale a 99,8% de todas as propostas previstas. O programa é de adesão voluntária, e o índice geral de aceitação se mantém acima de 99% desde o início.

“Moradores de 14.477 dos 14.544 imóveis identificados pela Defesa Civil no mapa de 2020 concluíram a realocação até o fim de dezembro de 2023, estando a área de risco (criticidade 00) 100% desocupada. Com a desocupação preventiva praticamente concluída, cerca de 40 mil pessoas foram realocadas em segurança. As famílias tiveram a mudança paga pela Braskem, além de apoio para regularizar documentação, guardar móveis e outros bens, auxílio para aluguel temporário e apoio psicológico sempre que necessário.

“Até o momento, R$ 14,4 bilhões foram provisionados e R$ 9,2 bilhões já foram desembolsados com as ações adotadas em Maceió, incluindo indenizações e medidas socioambientais e econômicas. Em indenizações, R$ 4,4 bilhões foram pagos até o momento. Mais de 1.000 profissionais, de diversas especialidades, atuam em dedicação integral para o desenvolvimento das ações.”

*Com informações do Poder360