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Mudanças em linhas de ônibus da Ufal são rejeitadas pela comunidade acadêmica

DMTT de Maceió alterou trajeto de oito linhas que deixaram de passar dentro do campi e, em substituição, criou rota circular

Por Natália Brasileiro* 16/07/2024 15h03 - Atualizado em 16/07/2024 18h06
Mudanças em linhas de ônibus da Ufal são rejeitadas pela comunidade acadêmica
Linha 4000 iniciou operações nesta segunda-feira, mas foi rejeitada pela comunidade acadêmica - Foto: Ascom DMTT

No retorno às aulas após a greve dos professores na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), alunos do campus Maceió se depararam com transtornos causados pela mudança no transporte público. O Departamento Municipal de Transporte e Trânsito de Maceió (DMTT) retirou de circulação oito linhas que passavam dentro da universidade, substituindo-as por uma linha circular interna. A alteração gerou descontentamento e reclamações entre os estudantes.

Nesta segunda-feira (15) foi iniciada a operação da linha de integração 4000 - Circular Ufal, e a mudança já tem tido bastante repercussão negativa na comunidade acadêmica.

Uma das principais reclamações dos estudantes é a rota feita pela nova linha. Quando a novidade foi divulgada pelo Departamento Municipal de Transportes e Trânsito (DMTT), foi informado que o percurso da integração seria feito da entrada do campus até o observatório, localizado na parte final da área acadêmica, mas, segundo relatos ouvidos pelo Jornal de Alagoas, isso não aconteceu. 

"O trajeto do ônibus se torna inválido pra mim, não faria sentido pegar o ônibus na Faculdade de Direito de Alagoas (FDA) pra descer na biblioteca, se a linha fosse até o primeiro ponto na porta da Ufal seria de mais utilidade", disse Efrain Pereira, estudante de Meteorologia, explicando ainda que o percurso andando da entrada da instituição até o seu bloco, no Instituto de Ciências Atmosféricas (ICAT), leva cerca de 10 minutos

O fato pode ser visto em um vídeo postado no X, antigo Twitter, onde um usuário identificado como @pvzitow se surpreendeu com o encerramento do trajeto antes do previsto. "A ideia da Prefeitura de Maceió é que a gente pegue ele e desça ali pra andar mais 5 minutos até lá fora?", escreveu na legenda.

Assista:

Outro ponto trazido por Efraim é a falta de segurança enfrentada pelos alunos ao se deslocarem até a entrada da universidade: "O restante do percurso se torna perigoso no turno da noite para a comunidade no geral devido aos assaltos que geralmente ocorrem na passarela", continuou.

O mesmo argumento foi trazido pela estudante de jornalismo Laura Gomes, que relatou a necessidade de sair mais cedo de uma aula na tentativa de conseguir pegar o seu ônibus do lado de fora da Ufal. O trajeto foi feito ao lado de uma amiga, que apresenta problemas de mobilidade.

"Se a gente fosse esperar o Circular nos atrasaríamos pra pegar o ônibus. Então a gente decidiu ir andando, o que foi complicado, porque até a biblioteca ainda é tranquilo de andar, mas a partir daí ficamos com medo, não tinha pessoas e só avistamos um segurança já na guarita", explica. Ela disse também que o trajeto levou 25 minutos, mas que durante a caminhada nenhum ônibus integração passou pelas estudantes. 

Durante a divulgação da nova linha, foi informado que os intervalos entre as viagens seriam de 10 a 15 minutos, porém Catarina Tenório, estudante de jornalismo dentro do espectro autista, alega também não ter visto o ônibus da linha 4000 durante sua longa caminhada até o bloco onde estuda.

"Eu tenho uma certa fraqueza muscular, então eu desci na entrada e fui andando até o COS [bloco de jornalismo], mancando de dor, cheguei a ter calos nos pés", disse a jovem, comentário este que reflete a experiência de outros estudantes, como cadeirantes e demais pessoas com deficiência, que agora precisarão se deslocar por um caminho mais longo.

De acordo com o DMTT, a linha circular 4000 funcionará de segunda a sexta-feira, das 6h30 às 22h20, com intervalos entre as viagens de 10 a 15 minutos, e contará com um veículo, realizando 75 viagens diárias. O acesso ser feito pela porta da frente, e os estudantes deverão apresentar o cartão Vamu no validador. Não haverá cobrança de passagem 

O órgão anunciou que iria acompanhar os serviços e, se necessário, faria alterações.

O Jornal de Alagoas tentou contato com a DMTT e a assessoria da Ufal para esclarecimentos, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. O espaço está aberto para atualizações.

*Estagiária sob supervisão