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Centro de Belas Artes tem obras de arte roubadas após abandono do prédio histórico
Local, que teve reforma paralisada, se encontra aberto e foi invadido por moradores de rua e vândalos; obras foram levadas e acervo destruído
O histórico Centro de Belas Artes de Alagoas (Cenarte), localizado no Centro de Maceió, encontra-se em estado de completa desolação após a paralisação da reforma e o consequente abandono do prédio administrado pela Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult).
Outrora um ponto de orgulho artístico e cultural, o prédio agora está ocupado por moradores de rua e vândalos, que roubaram e destruíram obras de arte e peças do acervo patrimonial do Cenarte, incluindo pianos, teclados e quadros de pintores alagoanos. Além disso, caixas com arquivos do acervo histórico foram queimadas e espalhadas pelo chão sujo, tomado por lixo, fezes humanas, garrafas e cacos de vidro.
Em reforma desde 2022, o Cenarte já havia sido saqueado em 2023, como noticiado pelo Jornal de Alagoas. Foram dois casos diferentes em menos de duas semanas. À época, o local encontrava-se sem vigilantes, o que facilitava o acesso de pessoas mal intencionadas.
Uma fonte confirmou à reportagem que todo o acervo de obras do Cenarte foi roubado.
O historiador alagoano Geraldo Magella esteve no local na manhã desta terça-feira (24) e presenciou pessoas levando cavaletes e até mesmo uma pedra extensa de mármore. “Sem dúvida foram levadas outras obras. Presumo que já tenham sido retiradas outras coisas antes, boa parte do acervo”, apontou o historiador.
Sem dificuldades, ele chegou a entrar no espaço e constatou o cenário lamentável em que se encontra o prédio de mais de 40 anos que um dia foi referência no desenvolvimento artístico-cultural de Alagoas.
“Tocaram fogo nas documentações, os pianos estão detonados, todos quebrados, não sei o tempo, mas são pianos antigos. Não consegui adentrar mais porque estava de sandália e fiquei com receio de me acidentar porque o chão estava com pregos e cacos de vidro”, disse.
Segundo ele, o prejuízo histórico é enorme, apesar de não poder dimensionar o quanto, por não saber o que havia dentro das caixas que foram queimadas e jogadas pelo espaço.
Em um gesto de boa vontade e preservação da história cultural alagoana, Magella resgatou dois quadros que estavam abandonados no local. Um deles é do pintor alagoano Ismael Pereira, de 1974. No outro não há assinatura. Os quadros estão identificados com plaquetas contendo os números de patrimônio da Secult-AL: 04690 e 04524. O historiador afirmou que os devolverá ao MISA (Museu da Imagem e do Som) amanhã.
A reportagem procurou a Secult-AL para saber porque o prédio se encontra abandonado, sem vigilantes e o que será feito diante do roubo do acervo histórico.