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Caso Braskem: Novo documento revela tremores na Av. Fernandes Lima e falhas no monitoramento

Outro ponto crítico revelado pelo relatório é a possibilidade de que a área de risco tenha sido subestimada desde 2022

Por Vinícius Rocha 11/03/2025 15h03 - Atualizado em 11/03/2025 20h08
Caso Braskem: Novo documento revela tremores na Av. Fernandes Lima e falhas no monitoramento
Bairro afetado pela Braskem - Foto: Foto: Itawi Albuquerque

A Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) divulgou, nesta terça-feira (11), a Nota Técnica 04/2022 do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), revelando informações inéditas sobre a real extensão dos impactos da mineração da Braskem na capital alagoana. O documento aponta indícios de movimentação do solo além da região oficialmente reconhecida como área de risco, alcançando, inclusive, trechos da Avenida Fernandes Lima, uma das principais vias da cidade.

Segundo a Nota Técnica, análises da interferometria de radar indicaram movimentações sutis do terreno não apenas nos Flexais e na Levada, mas também em outras direções, inclusive para além da Avenida Fernandes Lima. Os especialistas ressaltam, contudo, que o método utilizado apresenta limitações para detectar afundamentos inferiores a 5 mm/ano, o que pode significar uma subestimação da real extensão do fenômeno de subsidência.

O documento também aponta falhas no monitoramento da área afetada, destacando que a ausência de tecnologias mais precisas, como o uso de Laser Scanner e levantamentos topográficos detalhados, compromete a avaliação do risco. Recomenda-se a implementação imediata dessas metodologias para melhor delimitação das áreas impactadas e aferição mais precisa da taxa de subsidência.

Outro ponto crítico revelado pelo relatório é a possibilidade de que a área de risco tenha sido subestimada desde 2022. Os especialistas alertam que a velocidade de afundamento registrada naquele ano não foi somada aos valores anteriores, podendo mascarar a evolução do problema. Ainda que a baixa taxa de subsidência não represente risco iminente à vida, há potencial para danos estruturais significativos em edificações.

Diante das novas informações, o defensor público Ricardo Melro destacou a necessidade de ações urgentes. “Vamos recomendar à CPRM e à Defesa Civil que revisem a delimitação da área de risco, implementem tecnologias mais avançadas de monitoramento e inspecionem novamente as regiões do Flexal de Cima e Flexal de Baixo”, afirmou Melro.

A Defesa Civil de Maceió enviou nota ao Jornal de Alagoas. Confira na íntegra:


NOTA

A Defesa Civil de Maceió informa que a inclusão de novas áreas no Mapa de Linhas de Ações Prioritárias passa por rigorosos critérios de avaliação, que são chancelados pela Defesa Civil Nacional e pelo Serviço Geológico do Brasil.

Entre eles está a velocidade mínima de movimentação de subsidência acima de 5mm/ano, e essa movimentação deve ser persistente durante o período avaliado, além de outros rigorosos critérios que são utilizados para que haja a inclusão.

O mapa em questão, contido na nota técnica emitida pelo SGB em 04/2022, apresenta dados abaixo da movimentação que deve ser considerada, o que pode representar apenas valores dentro do limiar de ruído.

Esses dados de baixa precisão cruzados com os demais critérios de avaliação, não indicam necessidade de inclusão dessas regiões no Mapa de Linhas de Ações Prioritárias. Os apontamentos constam, inclusive, na própria nota técnica.

A Defesa Civil de Maceió reafirma seu compromisso com a transparência de dados e informações e continua monitorando toda a região, trabalhando de forma técnica e responsável, seguindo os padrões estabelecidos.