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Advogado preso por agredir mulher admite em vídeo que plantava flagrantes como ex-PM

João Neto disse ter usado “kit flagrante” com drogas e dinheiro para incriminar suspeitos durante abordagens

Por Redação* 17/04/2025 17h05
Advogado preso por agredir mulher admite em vídeo que plantava flagrantes como ex-PM
João Neto, influenciador digital que defende que homem pode bater em mulher - Foto: Reprodução

O advogado João Francisco de Assis Neto, preso por agredir a companheira em Maceió, afirmou em vídeo que, quando atuava como policial militar, usava um "kit flagrante" com drogas, balança e dinheiro trocado para incriminar suspeitos. A fala foi registrada durante sua participação em um podcast e voltou a circular após sua prisão.

“Quantos policiais não colocam drogas [com o suspeito]? Não vamos ser demagogos nem falsos moralistas. Eu mesmo tinha meu kit flagrante. Para pegar o bandido. Você estava no encalço do cara, escorregadio como quiabo, e ia dar viagem perdida? Quando o cara dizia que estava limpo, eu dizia: você que pensa, pai”, afirmou.

A Polícia Militar da Bahia informou que João Neto foi desligado da corporação há 15 anos, ainda durante o curso de formação. Por não ter concluído a formação, ele nunca atuou nas ruas como policial militar.

João Neto foi preso em flagrante na noite de segunda-feira (14), suspeito de lesão corporal contra sua companheira. Imagens de câmera de segurança mostram a vítima com sangramento no rosto e o advogado tentando estancar o ferimento. Ele foi preso por agentes da Oplit (Operação Litorânea Integrada), próximo ao hospital onde a vítima recebeu atendimento. Na terça-feira (15), a Justiça converteu a prisão em preventiva.

Com mais de dois milhões de seguidores nas redes sociais, João Neto ficou conhecido por suas análises jurídicas em vídeos e podcasts, nos quais respondia dúvidas sobre processos e temas legais. Em diversas ocasiões, defendeu posições controversas, inclusive o direito de homens agredirem mulheres em determinadas situações.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas classificou o caso como "infração ético-disciplinar" e encaminhou o processo ao Tribunal de Ética e Disciplina. A OAB da Bahia, onde ele possui inscrição principal, afirmou que acompanha o caso em articulação com a seccional alagoana.

Com agências.