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Projeto da Ufal disponibiliza plataforma para apoiar ensino de História da África
Conteúdo apresenta realidades de africanos escravizados e livres que viveram em Alagoas

O ensino de História da África e da cultura afro-brasileira nas escolas de todo o Brasil é obrigatório desde 2003, com a promulgação da Lei 10.639. No entanto, mais de 20 anos depois, ainda são muitas as dificuldades para se trabalhar o tema em sala de aula. Atenta a essa realidade, a Universidade Federal de Alagoas, por meio da equipe do projeto Emancipações e pós-abolição em Alagoas: origens e trânsitos da população negra escravizada, desenvolveu a plataforma on-line Trânsitos no Brasil Imperial.
Esse ambiente digital disponibiliza um amplo banco de dados do registro de pessoas que embarcaram no Porto de Jaraguá, em Maceió, no século 19, e apresenta materiais didáticos que podem ser utilizados pelos educadores para elaboração das aulas. Com isso, a equipe pretende auxiliar professores que têm dificuldades para encontrar materiais de qualidade para subsidiar as atividades.
“O registro das saídas de pessoas pelo Porto de Jaraguá é de grande interesse para a história sobre as origens da população africana que viveu em Alagoas, pois mais de 800 africanos e africanas foram registrados nessa fonte. A maioria viajava para ser vendido no comércio interprovincial de escravizados, negócio que movimentou o trânsito de pessoas pelos portos brasileiros na segunda metade do século 19”, afirmou a professora Luana Teixeira, bolsista pós-doutorado júnior, vinculada ao projeto.
No site, também se encontra disponível registro de africanos livres e libertos que viajavam, principalmente, para tratar de negócios, a exemplo de Felicidade da Costa, mulher africana que trabalhava como quitandeira em Maceió. “O pouco que sabemos sobre a vida dessas pessoas também é trazido no site em forma de minibiografias, com o objetivo de valorizar as trajetórias de homens e mulheres africanos que viveram a experiência da liberdade em terras alagoanas”, contou Luana.
Propostas de planos de ensino, abordando origens africanas, mulheres africanas e outros temas também estão disponíveis na plataforma. “Os planos sugerem caminhos para levar às salas de aula do ensino fundamental e médio temas relacionados à História da África e dos africanos no Brasil a partir da experiência dos sujeitos que vieram para Alagoas, muitos deles antepassados da população atual do estado”, informou Danilo Luiz Marques, coordenador do projeto.
Mais sobre a iniciativa
O projeto foi desenvolvido no programa de Pós-graduação em História (PPGH) com participação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da Ufal. Recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do Edital de Fixação de Jovens doutores no Brasil.
Além do site, o projeto resultou na publicação do livro Experiências de ensino em História da África, cultura afro-brasileira e relações étnico-raciais no Nordeste do Brasil. A obra traz artigos de professores de diversas áreas do ensino que versam sobre os desafios para a implementação da Lei 10.639/2003, relatando experiências e analisando as estratégias tomadas para superar os diferentes obstáculos com os quais se defrontam para levar para a sala de aula temas relacionados à população negra.
O livro impresso pode ser encontrado na loja da Editora da Ufal (Edufal), instalada no Campus A.C. Simões, e também está disponível para ser baixado gratuitamente no site da Edufal.
