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Cavernas nos bairros afetados por mineração são maiores que campo de futebol
Afirmação é de um pesquisador geológico de AL, dados foram divulgados há cerca de um mês, em um Congresso Internacional de Geologia
As cavernas criadas pela mineração da Braskem que estão se abrindo nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bom Parto e Bebedouro têm dimensões maiores que as de um campo de futebol. Os problemas geológicos nelas não têm relação com falhas em placas tectônicas. O que ocorre é o resultado da mineração sem o devido cuidado técnico.
A afirmação é de um dos maiores pesquisadores geológicos de Alagoas e mestre da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), professor Abel Galindo Marques. Os dados foram divulgados há cerca de um mês, em um Congresso Internacional de Geologia.
Ele tem estudos que o possibilitam a afirmar que, além dos 6,5 mil imóveis e 4,5 mil empreendimentos, mais casas e negócios precisarão ser desocupados. Na palestra para colegas de países latino-americanos e de outros continentes, o pesquisador apontou falhas, até, no preenchimento das minas exploradas.
"Foi uma barbaridade praticada para explorar sal-gema na área urbana de Maceió", disse o pesquisador ao afirmar que as minas quadradas em desmoronamento medem entre 100 e 200 metros de extensão e "são maiores que a dimensão de um campo de futebol" (a metragem da Fifa para campo é de 105 por 68 metros). As minas redondas têm a mesma metragem de diâmetro, e a altura varia entre 80 a 150 metros.
Ao analisar relatórios técnicos que coincidem com os estudos do professor Abel Galindo, a Justiça Federal determinou a paralisação definitiva da exploração do mineral em áreas urbanas. A Braskem confirma o fim da exploração nas 35 minas e executa o trabalho de tamponamento. O professor também reprovou a técnica de tentar conter os desmoronamentos com a injeção de água com forte pressão nas cavernas.
A Braskem admite que trabalha com esta técnica no momento. O próprio Abel Galindo viu o projeto de preenchimento com material sólido. Pela avaliação dele, cada mina levará mais de um ano para ser preenchida.
Para o trabalho ser concluído em cinco anos ou pouco mais, será preciso contratar várias empresas. Ele descartou, porém, que os problemas estejam ligados à falha geológica, como alegava a empresa há dois anos. Ao demonstrar a tese, explicou que as placas tectônicas são profundas, abaixo de três mil metros (3 km). A exploração ocorria a uma profundidade que varia entre 900 e 1.200 metros.