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Agricultores criticam descaso do governo com polo tecnológico no Agreste

Sem recursos, espaço deixa de cumprir função social em benefício da região

Por GazetaWeb 13/07/2019 13h01
Agricultores criticam descaso do governo com polo tecnológico no Agreste
GazetaWeb

Em Arapiraca, o Polo Tecnológico Agroalimentar é uma comprovação de descaso. O espaço, que consumiu aproximadamente R$ 12 milhões de recursos públicos, federal e estadual, encontra-se praticamente abandonado e deixado de promover o desenvolvimento da região, objetivo inicial.

Nem mesmo a cessão do polo à Universidade Estadual de Alagoas, para a realização de pesquisas, resultou em avanços. O polo conta com laboratórios para análise de solo, microbiologia e até uma miniusina para a produção de álcool a partir da mandioca, entre outros equipamentos, mas o espaço permanece sem aproveitamento.  Os danos no imóvel já são visíveis. 

Os agricultores familiares, que poderiam ser diretamente beneficiados pela ações, precisam se deslocar até Maceió e bancar os custos quando necessitam, por exemplo, de uma simples análise do solo. Há professores da Uneal que tentam desenvolver projetos de pesquisas, mas, igualmente, têm enfrentado a falta de recursos e investimentos necessários ao funcionamento.

"A tensão da energia não é suficiente para que possam ligar vários equipamentos ao mesmo tempo. O local possui um laboratório de análise de solos, um de microbiologia que faz teste da quantidade de agrotóxicos nas plantas e isso poderá ajudar e muito os agricultores de nossa região, pois, hoje uma análise de solo custa em média R$ 60,00 e só é feita na central analítica em Maceió.  Isso inviabiliza ao agricultor fazer essas análises, tendo em vista que, para fazê-la, tem que levar a amostra à capital, o que torna o custo desse estudo mais caro", lamenta Antônio Paiva, presidente da Associação do sítio Piauí.

Ele lembra que, por meio de pesquisa de professores da Uneal, houve o desenvolvimento de um projeto de um sistema de irrigação automático através de energia solar ou eólica, mas a tecnologia sequer chegou a ser divulgada na região.

Por meio de nota, a  Uneal afirma que tem empreendido esforços, desde março, quando o orçamento da instituição foi liberado, para retomar as atividades do Polo Agroalimentar de Arapiraca, mas que, para viabilizar ações no local, precisa da contribuição de órgãos públicos e de entidades ligadas à área da pesquisa.

 "A fim de viabilizar o projeto, a Uneal tem mantido o diálogo com diversas instituições, entre elas, a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti); Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura; a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas; Prefeitura de Arapiraca; Universidade Federal de Alagoas, Instituto Federal de Alagoas e entidades civis vinculadas à questão da agricultura familiar no Estado", pontua.

Ainda conforme a instituição, o grupo gestor do polo deverá retomar o diálogo com representantes dos agricultores familiares, na tentativa de reforçar a efetivação dos projetos de pesquisa e extensão.

"Devido ao alto custo de manutenção e funcionamento do Polo, ter o apoio e a contribuição dos órgãos públicas e demais entidades é essencial para viabilizar tal proposta.  Aproximar agricultores familiares e o conhecimento produzido no meio acadêmico são os principais objetivos desta gestão da Uneal. Até o momento, a Uneal não possui acesso a um orçamento exclusivo para o pleno funcionamento do Polo Agroalimentar", confirma.

Ao ser questionada sobre a questão, a Secti, ficou sem respostas sobre qual valor no orçamento estadual teria para investir e reforçou que "a meta dessa gestão é fortalecer esses ambientes, beneficiando o desenvolvimento de pesquisas científicas em Alagoas, incentivando alunos e professores e, consequentemente, em seguida, levando benefícios à comunidade".

Como ações, citou trabalhos de pesquisa desenvolvidos por duas professoras e alunos do curso de biologia da Uneal, que envolvem "avaliação do potencial de biorremediação da água da barragem da bananeira sob condições controladas, na tentativa de diminuir poluentes da barragem e beneficiar a comunidade Bananeira" e outras duas pesquisas que igualmente dependem de recursos e investimentos no local: análise microbiológica da água para o consumo humano de poços inseridos nos assentamentos de reforma agrária do estado de Alagoas e bioprospecção de bactérias produtoras de enzimas celulóticas e amilolíticos dos resíduos gerados nas casas de farinha do Agreste".