Municípios
TJAL suspende contrato milionário da Barra de São Miguel com escritório de advocacia
Atuação em processo demandou ao escritório a redação de apenas 8 páginas e município pagaria R$ 1 milhão e 900 mil
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A juíza Juliana Batistela determinou a suspensão do contrato de representação judicial entre o Município de Barra de São Miguel e o escritório Castro e Dantas Advogados, que previa honorários de mais de R$ 1 milhão e 900 mil. Segundo a decisão, o pagamento refere-se à atuação em processo sem complexidade, de execução de um valor devido pela União ao Município.
A ação de improbidade administrativa tramita na 3ª Vara Cível de São Miguel dos Campos. A decisão foi proferida no dia 17 de abril, e mantida em 23 de abril, após pedido de reconsideração. A juíza definiu multa de R$ 1 milhão pessoalmente ao prefeito José Medeiros Nicolau (conhecido como Zezeco), em caso de descumprimento da decisão.
Ao final do processo, o Ministério Público quer a condenação de Zezeco, o advogado Adriano Castro Dantas e seu escritório, por improbidade administrativa.
O título executivo judicial foi obtido numa ação de cobrança que a Associação dos Municípios Alagoanos promoveu em face da União acerca dos valores do Fundef repassados a menor entre os anos de 1998 e 2006. Apesar de o Município possuir uma procuradoria, a Prefeitura contratou o escritório para a execução, e sem realizar licitação.
Consta nos autos que o trabalho do escritório consistiu na redação de duas petições, uma com seis páginas e outra com duas. Os honorários foram pactuados em 20% dos valores a serem arrecadados.
De acordo com a juíza, não foram demonstradas, a princípio, as justificativas para a inexigibilidade de licitação, isto é, a singularidade do serviço e a notória especialização do escritório de advocacia.
A magistrada fundamentou também frisando que o entendimento dominante da jurisprudência, inclusive do Superior Tribunal de Justiça, “é pela IMPOSSIBILIDADE de esses recursos do FUNDEB serem utilizados para o pagamento de honorários advocatícios, sendo ilegal a forma de pagamento pactuada”.
No pedido de reconsideração, o réu alegou que o procedimento de inexigibilidade ocorreu regularmente, e a singularidade dos serviços prestados, bem como a notória especialização do contratado se encontrariam devidamente analisados em processo administrativo.
Na nova decisão, Juliana Batistela ratificou o entendimento sobre dispensa de licitação e ressaltou que a suspensão do contrato teve outros fundamentos, relacionados ao valor e a utilização de recursos do Fundeb.
Para a magistrada, conforme destacado também na segunda decisão, a definição dos honorários em 20% do valor devido pela União não parece adequado ao caso.
“Muito embora seja comum o percentual de 20% (vinte por cento) a título de honorários ad exitum, esse valor NÃO DEVE ser normal quando se trata de dinheiro público e a soma chega a quase DOIS MILHÕES DE REAIS, apenas para a ação de EXECUÇÃO de valores já reconhecidamente devidos em ação de conhecimento”, avaliou Juliana Batistela.
A Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Alagoas pediu para atuar no processo como amicus curiae, o que foi deferido na decisão do dia 23 de abril.
Matéria referente ao processo 0800019-79.2020.8.02.0053
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