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Em Maceió, 52% dos leitos para pacientes de Covid-19 já estão ocupados

Em apenas um dia, foram registrados mais 134 casos

Por Agência Alagoas 29/04/2020 09h09
Em Maceió, 52% dos leitos para pacientes de Covid-19 já estão ocupados
Reprodução

O aumento vertiginoso do número de casos confirmados de coronavírus em Alagoas nas últimas 24 horas é alarmante. Em apenas um dia, foram registrados mais 134 casos, com um total atual de 777 casos confirmados em todo o estado, segundo apontam os dados do boletim epidemiológico apresentado durante a entrevista coletiva desta terça-feira (28) pelo secretário de Saúde, Alexandre Ayres.

Para o gestor da pasta, a população tem descumprido a medida de isolamento social, indo às ruas com a falsa sensação de estar imune à Covid-19, fato que tem contribuído diretamente no crescimento dos casos e tornado o cenário ainda mais preocupante. Segundo o secretário, Alagoas deve chegar a mais de mil casos confirmados antes de sexta-feira (01).

“Esses são números muito expressivos e têm trazido muita preocupação para nós que fazemos a Secretaria de Saúde e para os especialistas que vêm constantemente nos orientando. Estamos dialogando com a ciência para que possamos ampliar a divulgação [dos números] na tentativa de conscientização da população, porque estamos trabalhando forte para aumentar o número de leitos, mas se todos ficarem doentes ao mesmo tempo, esses leitos não serão suficientes, como não foram em Nova Iorque, como não têm sido no estado de São Paulo e em outros lugares mais desenvolvidos que Alagoas”, afirmou.

O secretário destaca que a equipe tem trabalhado incessantemente para ampliação dos leitos de UTI, mas a população precisa fazer sua parte ficando em casa. “Passamos o dia hoje discutindo com especialistas e com técnicos da Sesau sobre a taxa de ocupação. Hoje já temos 52% dos leitos exclusivos para Covid, em Maceió, ocupados. Isso é muito preocupante, o crescimento tem sido muito rápido. Até a semana passada, tínhamos 17% de ocupação, hoje já estamos com 52%, e os números tendem a crescer nos próximos dias. A gente tem lutado e trabalhado arduamente para ampliar o número de leitos, mas eu volto a dizer, se a população continuar com a falsa sensação de imunização, nós teremos sérios problemas agora no mês de maio”, alertou.

Durante a coletiva, a médica infectologista Sarah Dellabianca, diretora do Hospital da Mulher, ressaltou o aumento significativo e preocupante do aumento de pessoas contaminadas pelo coronavírus em Alagoas. “Esse não é um pedido, é um clamor: permaneçam em casa, evitem sair. Se assim for necessário, a gente pede que população mantenha as medidas de proteção individual, que é o uso de máscara caseira com dupla face de tecido, lavar as mãos, evitar aglomerações”, explicou.

A infectologista alerta ainda para um fato que tem se tornado recorrente, sobretudo na orla de Maceió: o risco de contaminação pela prática de atividade física. “Temos visto com muita frequência e diariamente a quantidade de pessoas praticando atividades físicas na orla. A gente sabe que o ato de correr e caminhar faz com que a mobilização de secreções atinja um raio superior a dois metros. Então às pessoas que acham que a atividade física é isenta de risco: quando é feita de maneira aglomerada, esse risco aumenta e aumenta consideravelmente. A nossa taxa de ocupação no Hospital da Mulher aumentou vertiginosamente, então o clamor que eu faço é pra que a população fique em casa”, disse.

“Uma doença infectocontagiosa, se a gente não dispõe de recursos como vacina ou medicamento, a única forma de se impedir essa doença é evitando a transmissão. Como a transmissão é respiratória e por contato, não tem outra forma, infelizmente, de orientarmos. É isolar”, completou Sarah.

Em Alagoas, mais de 2 mil testes já foram realizados, sendo 1.500 só no Lacen/AL (Laboratório Central de Alagoas). Há casos confirmados em 32 cidades, a maioria concentrada em Maceió. O aumento da testagem, juntamente com o descumprimento do isolamento social por parte da população, são os dois fatores, que contribuíram para o crescimento dos casos confirmados no estado.