Municípios
Caso Pinheiro foi esquecido, diz moradores
Liderança do bairro questiona atuação do poder público frente à tragédia social nas quatro regiões atingidas por afundamento
A pandemia do novo coronavírus tomou conta do noticiário local e nacional e colocou “para escanteio” o problema de afundamento em quatro bairros da capital alagoana. Na avaliação de Geraldo Vasconcelos, líder do movimento SOS Pinheiro, o caso foi esquecido e os problemas decorrentes da desocupação de parte dos bairros vêm sendo ignorados pelo poder público.
“Posso dizer com toda a certeza que o caso Pinheiro foi esquecido. O poder público fechou os olhos para o problema. Temos uma série de problemas envolvidos, a questão da segurança, hoje o Pinheiro e Mutange viraram uma Bagdá depois do bombardeio, um cenário de guerra. As depredações, os roubos, quando chove no Mutange a água empoça nas ruas… É impressionante o descaso com a toda a situação”
Desde o início do acordo firmado entre Braskem e órgãos de controle, Vasconcelos tem criticado os termos e afirma que a população vem sendo prejudicada, no entanto, ele aponta que outros problemas vêm surgindo e permanecem sem resposta.
“As autoridades, o poder público, aceitaram o acordo e acreditam que o acordo resolve todos os problemas, quando na verdade foi um passo importante, mas não resolve tudo e além disso criou outros problemas. Vivemos uma ditadura judiciária. Fomos esquecidos pelo governo. A Prefeitura nunca teve estrutura para nos atender, para atender nossas necessidades”, reclama.
O líder do SOS Pinheiro afirma que com a impossibilidade de reunir os moradores, a saída encontrada pelas lideranças é estruturar lives ou reuniões virtuais para tentar dar opções para os moradores.
“Estamos estruturando, estamos trabalhando para criar uma transmissão on-line, alguma ferramenta pelas redes sociais para que os moradores possam falar, tirar as dúvidas. Evacuaram 40% do bairro, o equivalente a meio bairro da Ponta Verde, enquanto que muitos moradores só queriam que o bairro fosse consertado e pudessem voltar para suas casas. Por que não dar a opção para o morador escolher? Por que não consertar o bairro? Por que dar a posse de 40% para a Braskem? O que ela fará com essa área? São perguntas que não temos a resposta”, destaca Vasconcelos.
ON-LINE
Geraldo diz que apesar do atendimento virtual, o Programa de Compensação Financeira (PCF) da Braskem segue atendendo os moradores, no entanto, muitas indenizações ainda não foram finalizadas.
De acordo com a Braskem, apesar da suspensão nos atendimentos presenciais na Central do Moradores foi adotado um modelo diferencial.
“O avanço das ações relativas à Realocação, migração da Ajuda Humanitária e Compensação ocorreu mesmo com a suspensão do atendimento presencial na Central do Morador, consequência das medidas recomendadas para combater o coronavírus, a partir do ajuste de atividades para novo modelo de operação remoto. Esses dados sobre o Programa têm sido apresentados periodicamente às autoridades signatárias do acordo assinado em 3 de janeiro para a desocupação das áreas de risco definidas pela Defesa Civil”, diz a empresa.
Segundo último levantamento divulgado pela Braskem, o programa já retirou 2.275 famílias dos bairros desde o mês de dezembro de 2019.
“Além disso, a Braskem já recebeu no PCF aproximadamente 1.000 famílias que estavam recebendo a Ajuda Humanitária, do Governo Federal, e que já deixaram os seus imóveis. A migração dos lotes segue acontecendo, assegurando a continuidade dos pagamentos para as famílias. Por meio dos programas de Apoio à Realocação e de Compensação, a empresa já pagou mais de R$ 32,4 milhões entre auxílios financeiros temporários e acordos de compensação. No fluxo de Compensação já ingressaram mais de 1.500 famílias, das quais mais de 300 já receberam propostas de compensação e, até o fim de maio, o objetivo é chegar a 500 propostas apresentadas”, diz a petroquímica.