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Prefeita de Atalaia relata dificuldades da gestão na cidade endividada

Em entrevista, a prefeita da cidade de Atalaia, Cecília Rocha, alega que a única saída é conter gastos

Por Redação com Cada Minuto 30/01/2021 11h11
Prefeita de Atalaia relata dificuldades da gestão na cidade endividada

Em entrevista, a prefeita da cidade de Atalaia, Cecília Rocha, destacou as dificuldades que está enfrentando como gestora nesse primeiro mês.

Ceci Rocha, do PSC, foi eleita, para os próximos quatro 4 anos. Ao fim da apuração, Ceci Rocha teve 62,63% dos votos. Foram 14.057 votos no total.

A gestora comentou ainda que a solução para que tudo possa se reestruturar é cortar gastos, e por isso, alega ter aberto mão de seu salário para conseguir organizar a cidade de maneira financeira e administrativa. 

Segundo ela, essa medida precisava ser tomada, pois muitos servidores não receberam ainda, e o caixa foi deixado vazio. Sem falar da questão dos precatórios da educação que a ex-gestão gastou 85% do valor.

Confira a entrevista:

Quais os problemas encontrados pela sua gestão e as principais dificuldades?

Problemas estruturais em todas as unidades de saúde, e também problemas em muitos equipamentos da atenção básica e da saúde bucal, profissionais sem condições mínimas de trabalho. Sem contar que recebemos uma Central de Abastecimento Farmacêutico que teve que ser interditada no primeiro dia, onde o local não apresentava as mínimas condições de armazenamento de medicamento e insumos, e ainda encontramos muitos medicamentos vencidos.

Até no recém inaugurado centro de endemias encontramos vários problemas estruturais, e na primeira chuva que deu arriou o forro do teto e o prédio foi tomado por goteiras e infiltrações. Fora todos os problemas estruturais, encontramos muitos problemas com servidores, sem dados precisos, servidores afastados “de boca”, desviados de função ou até mesmo sem trabalhar.

Além disso, a falta de pagamento atingiu todos os nossos servidores efetivos, que são mais de 400. Outro grande problema que encontramos foi o nosso hospital fechado, pois a maioria dos servidores, principalmente os médicos plantonistas estavam sem receber desde outubro, não tendo recebido novembro e dezembro.

Esse problema de pagamento aos médicos nos atinge até hoje, pois são poucos os médicos que querem trabalhar no nosso município, pois os médicos das unidades de saúde que eram contratados foram dispensados sem receber, o que faz com que estejamos com dificuldade de contratar novos médicos e ainda estamos com unidades sem médico.

Encontramos também o laboratório fechado e com muitos problemas estruturais mesmo tendo sido recém inaugurado pela antiga gestão.

Ao visitar o assentamento Timbozinho e a comunidade Maria de Nazaré, pude verificar duas extensões de unidade de saúde que foram feitas de maneira improvisada no período eleitoral e que estavam abandonadas, onde a própria população batizou as unidades de “cala boca”. Outro grande desafio da saúde, é retomar a credibilidade do município com fornecedores, com servidores e com a população. A população relata total abandono, sem conseguir fazer exames, consultas e cirurgias a muito tempo, muitos reclamam que não recebiam remédios e até fraldas a muito tempo, o que faz com que tenhamos uma demanda alta demais, e exige muitos investimentos.

Encontramos também uma frota sem nenhuma manutenção, ambulância e carros bem deteriorados, até os carros novos estavam em péssimo estado de conservação. Escolas sucateadas, sobretudo na zona rural

As escolas que estavam em reforma não tinham um padrão de qualidade no acabamento.

Prédios infiltrados, escolas comprometidas, unidades básicas de saúde abandonadas, móveis sucateados, maquinário e frota sucateada e peças furtadas, por exemplo baterias e estepes de carro, transportes enterrados, medicamentos vencidos, e com insetos.

Como você encontrou a educação do município e qual o ‘Raio X’ que você faz da situação?

A Rede Municipal de Ensino necessita de um processo de realinhamento. Uma verdadeira transformação. Encontramos uma Rede de Ensino completamente desorganizada, com  ausência  de muitos documentos obrigatórios para o pleno funcionamento.

Some-se a isso as benesses que eram dadas para alguns servidores, entre elas o fato de não cumprir a carga horária, isso que desmotiva os bons profissionais, que diga-se de passagem são maioria.

Diante dos fatos, o que tem sido feito para contornar a situação e por a “casa” em ordem?

O caminho está sendo enxugar a folha, cortar gastos desnecessários, resgatar a credibilidade do município junto a fornecedores e servidores, e buscar investimentos junto ao governo do estado e até fora. O município está no CAUC e dificulta demais, mas estamos buscando e trabalhando incansavelmente.