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Fake News repercute morte de funcionária do Hospital Chama

Por Redação com Cada Minuto 27/02/2021 15h03
Fake News repercute morte de funcionária do Hospital Chama
Priscila Veríssimo | Foto: Arquivo pessoal

Após a veiculação de notícias em sites locais e nacionais sobre a morte da jovem Maria Priscila Cortez Veríssimo, por Covid-19, e ao repúdio do Centro Hospitalar Manoel André (Hospital Chama), a família da recepcionista também repeliu as informações divulgadas pela imprensa.

Um site de notícias nacional divulgou nesta sexta-feira (26) uma matéria afirmando que Priscila era uma “ enfermeira bolsonarista”, que trabalhava na linha de frente contra a Covid-19 e tinha se recusado a tomar a vacina contra a doença, se reinfectado e morrido.

A prima de Priscila, Solange Veríssimo procurou a imprensa e desmentiu a informação divulgada. Confirmou que a jovem trabalhava como recepcionista do setor de Cardiologia do hospital e explicou o motivo pelo qual ela optou por não tomar a vacina.

“Com a chegada das vacinas, ela (Priscila) teve total direito a ser vacinada, mas optou por não tomar. Motivo: por ela já ter contraído o vírus há mais de 6 meses, por estar em perfeito estado de saúde até então, não optou por correr o risco de efeitos colaterais, por já ter contraído coronavírus anteriormente. Ela quis deixar a vacina para alguém que não tivesse contraído a doença. Imaginou que assim seria mais útil”, explicou Solange.

A prima de Priscila conta que a jovem teve uma reinfecção da Covid-19, que o quadro clínico teve complicações e ela acabou não resistindo. “Aparentemente, a nova evolução do vírus contamina mesmo quem já tem os anticorpos. Ela infelizmente teve complicações novamente e veio a óbito”, acrescentou.

Priscila Veríssimo tinha 34 anos e faleceu na última quarta-feira (24). Ela estava internada no Hospital Chama, onde trabalhava. O hospital emitiu nota de repúdio ontem (26), pois matérias jornalísticas afirmavam que a jovem tinha sido demitida por se recusar a tomar a vacina. 

Na nota, o Hospital Chama ressaltou a conduta de Priscila como funcionária, afirmando que ela nunca expôs ou manifestou seu posicionamento político no ambiente de trabalho e que havia sido afastada das atividades para tratar a Covid-19.

Segundo Solange Veríssimo, a família ficou bastante abalada com as inverdades veiculadas pela imprensa e as definiu como “difamatórias e revoltantes”, desrespeitando a imagem de Priscila, que “deu a vida para ajudar”.

“É vergonhosa a forma  como diversos jornais estão espalhando a notícia. São difamatórias, alegando que ela não acreditava na vacina, que era bolsonarista e que tinha sido demitida por se recusar a se vacinar. É triste e revoltante ver alguém que deu a vida para ajudar, ser xingada e difamada, mesmo após um momento tão pesado que é a morte”, destacou Solange.

Para a prima de Priscila, a morte da jovem foi usada por pessoas sem ética, como palco para propagar pensamento político.

“ Hoje em dia não existe mais ética e nem lugar para política. Onde se vê oportunidade de ganhar palco para publicidade de um ponto de vista e gerar receita, tudo é válido. É triste saber a proporção que as coisas estão tomando. As pessoas utilizam notícias como essa para dar voz a uma ideia política. Mesmo se fosse verdade, o que definitivamente não é, só se pode concluir que as pessoas estão falhando como ser humano”, desabafou.

A família de Priscila ainda avalia a possibilidade de tomar providências jurídicas contra os sites que divulgaram notícias falsas sobre a jovem.