Municípios
Mineração estremece solo e provocam rachaduras em casas dos povoados de Craíbas
Atividade mineradora também traz riscos às barragens próximas
Povoados de Craíbas denunciam o barulho de explosões pela extração do minério no subsolo e risco nas barragens proximas. Atividade vem da empresa Mineradora Vale Verde (MVV)
“Com relação ao funcionamento da Vale Verde, eu já imaginei um dia vivenciando uma nova Brumadinho”, revelou o procurador de Justiça, Antônio Arecippo, ao comentar uma reportagem da imprensa, sobre a “exploração insana” da mineradora na região de Craíbas.
Para Arecippo, o drama de Mariana e Brumadinho pode se repetir na zona rural do município alagoano, onde estão em pleno funcionamento pelo menos duas barragens da Vale Verde para a exploração de minério de cobre na região.
Como membro do Ministério Público e decano da instituição, Arecippo disse que fará um pronunciamento na próxima sessão do Colégio de Procuradores de Justiça, denunciando essa situação e pedido providencias.
Questionado a respeito das atividades da mineradora em Craíbas, a assessoria do Ministério Público de Alagoas disse que até agora não chegou nenhuma denúncia formal ao órgão ministerial.
A denúncia teria que chegar ao conhecimento do promotor de Justiça Lucas Mascarenhas, que é o titular da Promotoria de Meio Ambiente de Arapiraca, responsável pela apuração dos casos de agressões à natureza, na região.
A denúncia mais grave contra as atividades da MVV em Craíbas é com relação ao barulho das explosões, provocadas pela mineradora, para a extração do minério no subsolo. Essas explosões acontecem constantemente, segundo denunciam os moradores.
OUTRO LADO
A reportagem da imprensa tentou ouvir a mineradora, por meio da sua assessoria de comunicação em Arapiraca, mas a Vale Verde até agora não respondeu às perguntas.
Em seu site na internet, a empresa garante que suas atividades são seguras e que segue a legislação ambiental. No entanto, não tem quem não se espante com a imponência dos paredões das duas barragens, construídas com areia, barro, pedras e cascalhos retirados do solo do município.
“Estremece tudo e o barulho é grande”, diz o produtor rural
Além do risco de acidentes, o impacto de vizinhança gerado pela mineração é alto. Moradores dos povoados da redondeza reclamam das explosões, que fazem o chão tremer e causam rachaduras em suas casas.
“Estremece tudo e o barulho é grande”, afirma o produtor rural Antônio Amaro das Silva, de 53 anos, mostrando as rachaduras na casa dele. “Só não caiu porque eu tapei as rachaduras”, acrescentou o agricultor, que mora com a mulher e um filho, no povoado de Torrões, a poucos metros de uma das barragens.
Dona Edileide também se diz amedrontada com essa situação. “Toda quinta-feira, perto do meio-dia, a gente escuta a explosão”, relata ela, mostrando as rachaduras em sua casa. Sua vizinha, Vitória Maria dos Santos, de 20 anos, que mora com o marido e dois filhos menores, também se assusta com o barulho das explosões.
Nos povoados de Pau Ferro e Lagoa do Mel, os moradores também fizeram relatos parecidos: “Eu morro de medo desse barulho, que a gente não sabe da onde vem, mas deve ser da mineradora”, afirma Suely Alves, moradora da Lagoa do Mel. Ela também teve as paredes de casa rachadas, “possivelmente pelas explosões”.