Municípios

Impasse no transporte público de Rio Largo prejudica milhares de alagoanos

Empresas que atuam passe por imbróglio jurídico e população reclama da má qualidade nos serviços públicos

Por Alícia Santos* 18/01/2023 17h05 - Atualizado em 19/01/2023 07h07
Impasse no transporte público de Rio Largo prejudica milhares de alagoanos
Moradores do Cruzeiro do Sul reclama da má qualidade no transporte oferecido após impasse jurídico - Foto: Muller Peixoto/Ônibus Brasil

O impasse no transporte público de Rio Largo e região se arrasta por mais de um mês, desde que a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal) passou a apreender os ônibus que ligam o município à capital, Maceió, por não ter condições plenas de atender a população.

As linhas então, foram assumidas pela Expresso Santo Antônio, porém, uma decisão da Justiça suspendeu a operação da empresa, que realiza o serviço de transporte intermunicipal de passageiros.

Em meio ao imbróglio judicial, o povo. Desde o início da fiscalização, ainda em dezembro, moradores da região reclamam de dificuldades para ir e voltar ao trabalho e outras atividades que necessitam fazer em Maceió.

Durante a tarde desta quarta-feira (18), moradores do Cruzeiro do Sul entraram em contato com Jornal de Alagoas para denunciar a ausência de transporte público.

Dayana Lemos, estudante de Jornalismo da Ufal, argumentou que desde o ano de 2022, as empresas estão rodando em horários limitados. "Todo dia tem transtorno, ou o ônibus que não passa, ou quando passa é apreendido pela Arsal no caminho". Ela reclama também que a Arsal realiza a apreensão dos ônibus durante o trajeto, prejudicando os passageiros. "Deviam apreender ainda na garagem", argumenta.

Segundo ela, a frota da Veleiro está rodando com o número de coletivos reduzidos o que acaba gerando um "caos", diz.

O preço da passagem é outro empecilho para quem diariamente precisa do transporte público para se locomover. Hoje, a Expresso Santo Antônio, empresa que "cobre" o desfalque da Veleiro, cobra R$ 6,00 na passagem e não aceita os cartões de embarque que garantem desconto na tarifa a estudantes, idosos, como o Bem Legal e o Vamu, da prefeitura de Maceió.

"O meu ônibus é Cruzeiro do Sul/Centro e custa R$5,75, na Santo Antônio o Antônio Lins/Centro R$6,00", conta a estudante, que está tendo dificuldades para administrar o valor da passagem, uma vez que seu cartão de embarque não é aceito. Ela diz que se quiser usar o cartão, tem que esperar o ônibus da Veleiro, causando atrasos em sua ida ao trabalho e faculdade.

Joezia Rodrigues, gerente administrativa de uma empresa localizada no Jaraguá, parte baixa de Maceió, também convive com as mesmas dificuldades da estudante: "Os ônibus estão sendo recolhidos e rodam em horário limitado. São menos ônibus pra toda a região de Rio Largo e Cruzeiro, e pelo que eu percebi, são apenas dois ônibus rodando, que é o Santo Antônio e com horários limitados, o último ônibus pro centro sai às 7 horas".

Sem linhas em seu trajeto na horário que retorna para casa após o trabalho, a gerente administrativa, conta que as mudanças estão pesando em seu bolso. "Com certeza estou gastando mais. A passagem é 6 reais, o que dá 12 reais por dia. Se eu pegar uma van esse aumento sobe para 16 reais e se eu precisar pegar um transporte por aplicativo, fica ainda maior. Esse custo está pesando no orçamento da minha família", lamenta.

Vereadores tentam agir


As reclamação não são só apenas dos moradores, mas também de vereadores do município, a exemplo, Romildo Calheiros (PDT), que através da redes sociais se manifestou contrario a decisão da justiça, que concedeu decisão favorável a Veleiro para retirar das ruas a empresa ônibus da Santo Antônio de Circulação que estaria dando suporte.

Em entrevista ao Jornal de Alagoas, o vereador de Rio Largo, Daniel Pontes (PCdoB), afirma ter conhecimento do caso e diz que logo quando assumiu a gestão formou junto a seus pares uma comissão para analisar o caso.

"Formamos uma comissão e fomos ao Ministério Público Estadual, e lá ficou na pauta do Ministério interver na situação e resolver, devido a precariedade que são os serviços da Veleiro em Rio Largo", relata o vereador. Daniel ainda argumentou sobre a questão da qualidade do transporte e do horário que não se respeita dentro do município.

O vereador não obteve respostas efetivas. "Disseram apenas que isso vai ser solucionados. Isso já faz décadas".

Segundo ele, desde que a antiga empresa Aviação Rio Largo saiu do município, nenhuma outra entregou transporte público de qualidade para a população e as novas empresas "já assumiram com os ônibus velhos".

"O trabalhador de Rio Largo sai do município e não consegue chegar a Maceió para trabalhar, que o ônibus quebra tanto no caminho para ir, quanto no caminho para voltar". O parlamentar relembra que já tentaram de tudo, até discurso na Câmara, "é realmente uma situação difícil", completou.

Respostas


O Jornal de Alagoas entrou em contato com a Arsal e com o Ministério Público Estadual para saber as tratativas tomadas pelas entidades para que a população tenham os serviços de transporte plenamente reestabelecidos. Ainda não obtivemos resposta. O espaço está aberto para atualizações.



*Estagiária sob supervisão