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No município de Inhapi, estudantes da rede estadual disputam os Jogos Olímpicos Koiupanká

Realizada de 17 a 24 de setembro, competição teve a cobra como mascote, simbolizando a renovação de ciclos

Por Ascom Seduc 28/09/2024 11h11
No município de Inhapi, estudantes da rede estadual disputam os Jogos Olímpicos Koiupanká
Tradicional disputa no Sertão alagoano contou com participação de alunos da Escola Estadual Indígena Anselmo Bispo de Souza - Foto: Rama Costa (Cortesia) para Ascom Seduc

Trazendo consigo a força da tradição, da ancestralidade e do esporte, os Jogos Olímpicos Koiupanká movimentaram a cidade de Inhapi, no Sertão alagoano. Entre os dias 17 e 24 de setembro, a Aldeia do Roçado se transformou em um ponto de encontro para cerca de 300 estudantes indígenas dos povos Kariri Xocó, Xucuru Kariri Wassu Cocal, Katokim, Koiupanká e Karapotó, que não apenas competiram, mas também celebraram seus laços culturais e raízes históricas.

Os Jogos, realizados a cada dois anos desde 2011, sempre trazem um mascote especial, geralmente um animal carregado de simbolismo na mitologia do povo Koiupanká. E este ano, o animal escolhido foi a cobra, representando a renovação dos ciclos da vida e convidando à reflexão sobre as conquistas e desafios que marcam a trajetória do povo indígena.

“O tema deste ano foi a colheita. Nesses jogos, o povo koiupanká celebrou, junto aos demais povos indígenas e todos aqueles que nos apoiam nessa caminhada, mais uma grande conquista, que é a colheita do saber. E esse saber é fruto da ‘árvore sagrada’. Tivemos, portanto, uma grande festa, em que partilhamos, principalmente, o respeito e a harmonia entre os povos”, explicou o pajé da Aldeia Roçado, Francisco José, que também é diretor da Escola Estadual Indígena Anselmo Bispo de Souza e para quem os dias de disputa são ‘um encontro sagrado entre os povos, uma chance de reafirmar a força de suas tradições’.

Nesta edição, cuja novidade foi o futsal, 17 modalidades estiveram em disputa. E a maioria delas deriva de atividades como a caça e a pesca, a exemplo das que fazem uso da zarabatana e do arco e flecha.

Ainda segundo o pajé Francisco José, os Jogos também tiveram como objetivo celebrar a conquista da sede da Escola Estadual Indígena Anselmo Bispo de Souza, um marco significativo para a comunidade indígena. Isso porque, até a inauguração do novo espaço construído pelo Governo de Alagoas, a escola funcionava em um prédio improvisado.

“Educação e esporte são um casal perfeito, e nós também nos preocupamos com isso. E não poderíamos deixar de celebrar, com nossos cantos e coreografias, que complementam os nossos rituais, mais este grande avanço”, emendou, orgulhoso, o indígena, destacando também os resultados obtidos pela Escola Anselmo Bispo no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

“Fomos uma das escolas que mais se destacou no IDEB, atingindo o melhor desempenho entre as instituições indígenas e não indígenas em três anos consecutivos. Aqui estamos para contribuir, para dar bom exemplo”, reforçou.

Exposição do trabalho em São Paulo

No evento de celebração da cultura indígena, a artista Geovana Cléa foi escolhida pela segunda vez como madrinha dos Jogos Olímpicos Indígenas Koiupanká. Para ela, a escolha representa não apenas uma grande responsabilidade.

“É uma honra participar dos jogos novamente como madrinha. Acredito no potencial dos jogos e luto para que as pessoas abram o coração e entendam o papel dos indígenas como guardiões da natureza. Eles transmitem valores que são essenciais para todos nós, e os Jogos têm sido um meio para espalhar essa mensagem. Estamos trabalhando, inclusive, para elevar o evento a um patamar nacional, expandindo, assim, sua visibilidade”, avaliou Geovana, acrescentando que fará uma exposição em São Paulo, onde apresentará obras concebidas com o ‘barro sagrado da cultura indígena’, reproduzindo, assim, o chão rachado do Sertão.

O projeto visa divulgar cada vez mais a riqueza cultural dos Koiupanká. “Acredito que conseguiremos chamar a atenção da mídia nacional, e isso é apenas o começo”, complementa Geovana.

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) conta com 17 escolas estaduais interculturais para atender aos povos indígenas de Alagoas com a oferta de uma educação de qualidade e com respeito às tradições de cada comunidade. Ao todo, estas unidades reúnem mais de três mil estudantes.