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Metais pesados contaminam afluente ligado ao Rio São Francisco, aponta estudo

Mineração pode estar entre as causas do aumento dos níveis de contaminação do Riacho Salgado, em Craíbas

Por Vinícius Rocha* 23/10/2024 15h03
Metais pesados contaminam afluente ligado ao Rio São Francisco, aponta estudo
Elevação dos níveis de metais pesados em manancial de Craíbas chega até o rio Traipu, ameaçando a bacia do Rio São Francisco - Foto: Equipe Expedição do São Francisco

Estudos recentes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) apontam níveis alarmantes de metais pesados no Riacho Salgado, em Craíbas, Alagoas, que faz parte da sub-bacia do Rio Traipu, pertencente ao sistema do Rio São Francisco. A contaminação, especialmente por alumínio, preocupa moradores e autoridades locais, com índices acima do tolerável pela legislação ambiental.

O Coletivo de Moradores das Áreas Afetadas Por Mineração em Craíbas tem manifestado grande preocupação, já que o alumínio em altas concentrações pode causar sérios problemas de saúde, incluindo insuficiência renal crônica, encefalopatia, osteomalacia e anemia. Segundo os pesquisadores, o nível de contaminação no local é o mais alto registrado nos últimos seis anos.

A Ufal, que monitora a qualidade da água do Rio São Francisco e seus afluentes, identificou um aumento de compostos prejudiciais na foz do Rio Traipu, onde ele encontra o São Francisco. Testes realizados em 2021 e 2022 revelaram altos índices de acidez, condutividade elétrica, e a presença de elementos como amônia, manganês e fósforo, ultrapassando os limites permitidos. Em 2023, novos testes confirmaram que esses níveis permaneciam elevados.

Em uma tentativa de aprofundar a análise, mais coletas foram realizadas pela Ufal e pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA). O estudo indicou a presença contínua de metais como manganês, alumínio e cobre, além de uma alta condutividade elétrica, sugerindo a persistência da contaminação.

Os pesquisadores levantaram três possíveis causas para esse aumento nos níveis de metais pesados. A formação geológica da região, com a presença de rochas e depósitos de sais que, com o assoreamento e as chuvas, podem estar contribuindo para a liberação desses compostos; A contaminação por esgotos e agroquímicos, que, ao serem levados pelas chuvas para os rios, contaminam a água; A atividade mineradora, que pode estar revolvendo o solo e liberando metais para o curso d'água.

O estudo contou com a colaboração de diversos laboratórios da Ufal, como o Laboratório de Aquicultura e Ecologia Aquática (Laqua) e o Laboratório de Instrumentação e Química Analítica (Linqa), e os resultados já foram encaminhados para a Justiça Federal em Alagoas e à Defensoria Pública da União (DPU). Aguardam-se agora posicionamentos de outros órgãos ambientais para uma análise mais profunda e medidas corretivas.

*Com Tribuna Independente