Nacional

Palestino com cidadania brasileira faz greve de fome em prisão

Ele exige ser libertado e espera garantir o direito de vir para o Brasil

Por Agência Brasil 20/04/2015 09h09

O palestino com cidadania brasileira Islam Hamed, 30 anos, começou uma greve de fome no dia 11 deste mês na prisão Gined, em Nablus, cidade palestina. Ele exige ser libertado e espera garantir o direito de vir para o Brasil. Islam é palestino, mas sua mãe, Nadia Hamed, é de São Paulo, o que garante a ele cidadania brasileira. Há uma semana sem se alimentar, ele corre risco de morte.

Após duas prisões pelo governo israelense, a primeira delas quando tinha apenas 17 anos, Islam foi preso pela terceira vez, em setembro de 2010, dessa vez pelo governo palestino. Foi condenado a três anos de prisão, mas um ano e meio depois de ter cumprido a pena, ele segue detido. “Meu filho está com a saúde muito ruim. Não sabemos como ajudar. Os caminhos estão todos fechados. Não sei o que fazer”, explicou Nadia Hamed, em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), por telefone.

Vinte dias antes do fim da pena, ainda em 2013, oficiais do governo palestino informaram que ele teria permissão para se mudar para o Brasil. Apesar do passaporte brasileiro regular e de a esposa e o filho de Islam, de 3 anos, já terem o visto de entrada, nada foi feito, segundo a família.

Na última quinta-feira (15), a família de Islam no Brasil formalizou o pedido de ajuda ao governo brasileiro. Uma carta foi enviada ao assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Esse não é o primeiro pedido de ajuda ao governo brasileiro. Em 2013, a família de Islam no Brasil pediu à Embaixada Brasileira para Assuntos do Oriente Médio a intervenção no caso. O pedido também foi enviado à Representação do Brasil na Palestina. O embaixador brasileiro na Palestina, Paulo França, avalia que a situação é delicada e diz que as negociações estão sendo feitas com o governo palestino. A família, no entanto, questiona a morosidade do processo e teme que com a greve de fome, Islam, que está incomunicável, não resista.

Como ocorre com vários jovens palestinos, Islam foi preso pela primeira vez quando tinha 17 anos, em maio de 2007, por atirar pedras em policiais israelenses. Desde então, nunca mais conseguiu ter uma vida normal. Foi condenado a cinco anos de prisão. Cumpriu a pena, ficou nove meses em liberdade e foi preso pela segunda vez, na chamada detenção administrativa, modalidade em que, apesar de não haver acusações concretas, as pessoas podem ser mantidas presas por oferecer perigo à segurança de acordo com a avaliação de Israel. Essa segunda prisão durou dois anos. Em 2010, Islam retomou sua atuação política de oposição ao governo palestino e meses depois, foi preso pela terceira vez, agora pelas autoridades palestinas.

“Meu filho foi preso por defender a terra palestina. Os israelenses vivem tomando ela de nós, aos poucos. Eu tenho o maior orgulho de ser brasileira e peço que o governo ajude a tirar meu filho da prisão e que ele possa viver no Brasil, como qualquer pessoa do mundo tem o direito de viver”, acrescenta Nádia.