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Com poluição, provas de vela da Rio-2016 podem ir para mar aberto

A sujeira da Baía da Guanabara é uma espécie de tabu no esporte

Por Extra 28/04/2015 10h10
Com poluição, provas de vela da Rio-2016 podem ir para mar aberto

Levar as provas de vela para o mar aberto é o plano B do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio-2016, caso a Baía de Guanabara não receba o aval para ser utilizada nas competições. Anunciada como um dos maiores legados do evento, a despoluição das águas da baía não será cumprida a tempo do início das Olimpíadas.

Sob chuva de críticas da comunidade esportiva quanto as más condições das raias escolhidas para as provas, o Comitê Organizador Rio-2016, já trabalha com a possibilidade de mudança, apesar de oficialmente a entidade negar a existência de um plano B. Além de preservar a integridade dos atletas, tirar de cena a Baía da Guanabara é diminuir as chances de que as mazelas ambientais da cidade sejam retransmitidas para o mundo.

— Todos fizeram a preparação para a raia prevista anteriormente. Caso haja a mudança, que o evento-teste de agosto seja disputado no novo local. A forma de velejar é um pouco diferente em mar aberto. A situação da baía em relação à poluição é irreversível — diz o medalhista olímpico Lars Grael.

À época da candidatura da Cidade Maravilhosa ao posto de sede olímpica, constava no Dossiê de Candidatura entregue ao Comitê Olímpico Internacional (COI) a promessa de que 80% do esgoto despejado na Baía seria tratado. Segundo o biólogo Marcello Mello, a situação seria minimamente aceitável se ao menos metade do esgoto lançado na Baía deixasse de escoar. Hoje, apenas 49% do que é despejado é tratado.

— O legado ambiental é uma falácia e o estado da baía é vergonhoso, um escândalo. Do jeito que está, acidentes podem ser provocados — disse Mello.

Divulgado na Conferência Rio-92, o Programa de Despoluição da Baía da Guanabara (PDBG) nunca atingiu o seu objetivo de despoluir as águas e tratar o esgoto. Bilhões de reais foram investidos, nove governadores comandaram o Rio de Janeiro e nenhum deles deu fim ao problema, apesar do tema ser defendido por todos.

A sujeira da Baía da Guanabara é uma espécie de tabu no esporte. Procurado para comentar o assunto, o bicampeão olímpico Torben Grael disse que “não quer mais falar sobre a baía”. A assessoria do velejador Robert Scheidt informou que ele também não se manifestaria.