Nacional

Secretário de Temer pede demissão, após declaração polêmica

Secretário nacional da Juventude, Bruno Júlio, do PMDB, defendeu chacina nas penitenciárias

Por Redação com G1 07/01/2017 06h06
Secretário de Temer pede demissão, após declaração polêmica

Após uma declaração polêmica sobre as chacinas nos presídios de Roraima e Manaus, o secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio, pediu demissão do cargo. O pedido foi aceito na noite dessa sexta-feira, 6, pelo presidente da República, Michel Temer, informou a assessoria do Palácio do Planalto.

Filiado ao PMDB, Bruno Júlio havia sido nomeado para a secretaria em junho. Ele afirmou que tinham que ter matado mais presos e que deveria haver uma chacina por semana. Pior. Ele reafirmou a declaração em sua página pessoal no Facebook, antes de pedir demissão.

O secretário da Juventude deu a declaração para a coluna do jornalista Ilimar Franco, do jornal "O Globo".

Diante da repercussão, Bruno divulgou nota no seu perfil no Facebook e explicando ter falado "como cidadão, em caráter pessoal".

"Os santinhos que estavam lá dentro que estupraram, mataram [chamam de] 'coitadinho', 'ai, meu Deus, eles não fizeram nada', 'foram [mortos] injustamente'... Para, gente!", continuou o secretário.

A Secretaria da Juventude é vinculada à Secretaria de Governo, e o salário do cargo é de R$ 13.974,20 por mês.

Licenciado da Juventude do PMDB, Bruno Júlio é filho do ex-deputado federal Cabo Júlio (PMDB), que, atualmente, ocupa uma cadeira de deputado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Agressão à mulher

Bruno Júlio é investigado por agredir a mulher em Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil mineira, ele foi acusado de lesão corporal pela ex-mulher e de assédio sexual por uma funcionária em outras duas investigações.

Em outro caso, registrado como lesão corporal, Bruno Júlio é suspeito de agredir com socos, tapas, chutes e puxões de cabelo a mulher com quem tinha uma união estável em março de 2014.

Em novembro de 2015, o secretário foi acusado de assédio sexual por uma funcionária. Na denúncia, a mulher contou que era ameaçada de demissão caso não saísse com ele.

Leia abaixo a íntegra da nota do secretário, publicada após a repercussão da declaração de hoje e antes de pedir demissão (e ter o pedido aceito):

Nota de esclarecimento

Hoje, terminada a entrevista com a jornalista Amanda Almeida, e falando como cidadão, em caráter pessoal, quando fui questionado sobre a nova chacina em Roraima, eu disse o seguinte:

1. Está havendo uma valorização muito grande da morte de condenados, muito maior do que quando um bandido mata um pai de família que está saindo ou voltando do trabalho.

2. Sou filho de policial e entendo o dilema diário de todas as família, quando meu pai saía de casa vivíamos a incerteza de saber se ele iria voltar, em razão do crescimento da violência.

3. O que eu quis dizer foi que, embora o presidiário também mereça respeito e consideração, temos que valorizar mais o combate à violência com mecanismos que o Estado não tem conseguido colocar a disposição da população plenamente.

Bruno Julio