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Uso das Forças Armadas nos presídios desagrada bases militares

Por Brasil 247 19/01/2017 10h10
Uso das Forças Armadas nos presídios desagrada bases militares

Além de inconstitucional, por ferir a missão institucional das Forças Armadas, a decisão do governo de utilizá-las na fiscalização de presídios desagradou profundamente a base militar, ainda que os comandantes não tenham se manifestado em qualquer sentido. Na oficialidade intermediária, segundo fonte militar ouvida pelo 247, a medida mais uma vez “humilha” as Forças Armadas impondo-lhes tarefas que fogem à sua missão de zelar pela segurança nacional em relação a ameaças externas. Elas foram usadas intensamente para controla favelas, como no caso da Maré, no Rio, onde ficaram mais de um ano.  

Esta fonte indicou-nos a revista Sociedade Militar, uma publicação militar online  que não tem natura oficial ou institucional mas reflete o sentimento dos militares. Ela publicou artigo nesta quarta-feira em que critica e reclama da medida tomada por Temer, visando muito mais o aumento de sua rarefeita popularidade do que a efetiva superação da crise, que exige mais que fiscalização dos presídios por militares equipados, ainda que não liderem com presos, o que seria a “suprema perversão”, no dizer do militar.

No dia 10, o site da revista já havia antecipado que o governo Temer pensava em “jogar sobre os ombros” das Forças Armadas a crise penitenciária.

Veja o artigo. O site da revista é www.sociedademilitar.com.br

“A REVISTA SOCIEDADE MILITAR antecipou na semana passada que o primeiro passo para jogar nos ombros dos militares a crise carcerária já havia sido dado. A MINISTRA presidente do SUPREMO,  ao solicitar auxilio das Forças Armadas para uma recontagem de presos,  abriu as "portas" para o que certamente viria depois.

Pois é, aconteceu.

Hoje, 17 de janeiro de 2017, o Presidente da República anuncia mais uma carga para os já sobrecarregados e maus pagos ombros dos militares das Forças Armadas, a segurança dos presídios estaduais.

Depois das cenas de terror das últimas semanas, onde se conprovou que há marginais sem qualquer apreço pela vida humana e, pior, que não hesitam em assassinar opositores com requintes de sadismo, como o pouco divulgado ato de "escrever" com corpos a sigla PCC no presídio do Rio Grande do Norte, a presidência da república floreia sua decisão com palavras bonitas – "pioneira e inovadora" – foram os adjetivos utilizados. Contudo, "desesperada" seria um adjetivo que retrataria melhor a determinação.

Militares das FA desde as academias e centros de instrução são preparados para eliminar os inimigos. Aprende-se a identificar o problema e solucionar da melhor e mais rápida forma possível. Atuar dentro de presídios exige uma preparação completamente diferente, com objetivos completamente diversos da atividade dos militares das Forças Armadas e, ressalta-se, com os militares sujeitos a normas e procedimentos completamente diferentes daqueles a que estão normalmente submetidos em seu dia-a-dia.

“Em uma iniciativa inovadora e pioneira, o presidente coloca à disposição dos governos estaduais o apoio das Forças Armadas. A reconhecida capacidade operacional de nossos militares é oferecida aos governadores para ações de cooperação específicas em penitenciárias”, declarou o porta-voz do presidente TEMER, Alexandre Parola.

O MINISTRO Eliseu Padilha, da Casa Civil já avisou que militares das Forças Armadas serão encarregados de realizar revistas em celas.

Os comandantes militares ainda não se manifestaram sobre o assunto. Mas, ninguém espera que coloquem algum obstáculo. Conversamos com colegas do Exército, do Comando Militar do Leste e a informação recebida é de que os militares devem, se realmente usados, se ater à segurança de áreas externas e revistas de celas depois de esvaziadas, mas sem qualquer contato com os detentos.  Lamentável”