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Número de negros mortos por policiais é o triplo do de brancos
A polícia matou o triplo de negros do que de brancos entre 2015 e 2016, de acordo com levantamento do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no começo de novembro. Os dados são uma compilação de todos os casos registrados em boletins de ocorrência nos dois últimos anos.
Foram 963 mortes de brancos contra 3.240 mortes de negros, por policiais de folga ou em serviço no ano passado. Outras 1.642 mortes foram registradas como “não identificado” e mais 51 como “outros”, totalizando 5.896 mortes causadas pela polícia.
A esmagadora maioria das pessoas mortas pela polícia é composta por homens: são 5.769, contra 42 mulheres e 85 casos não identificados. Grande parte também é jovem: 35,5% têm entre 18 e 29 anos. Mas na maior parte dos casos o dado não foi levantado (45,6%).
Além disso, 532 menores de idade, de 12 a 17 anos, foram mortos por policiais, o que representa 9% do total.
Mortes de policiais
Por outro lado, o levantamento registrou a morte de 573 policiais, em serviço ou não, em 2015 e 2016 – cerca de um décimo, portanto, das mortes causadas por policiais.
A maioria deles também era negra (223, contra 171 brancos e 179 não identificados), mas a média de idade era maior, entre 30 e 49 anos.
Quase todos os policiais mortos eram homens: foram registradas 10 mortes de mulheres e 18 ficaram sem identificação.
2016
O Fórum de Segurança Pública também divulgou o recorte por estados das mortes causadas por policiais em 2015 e em 2016.
O estado em que a polícia mais mata é o Rio de Janeiro, como se vê na tabela abaixo. Também foi o local onde o número de mortos pela polícia mais cresceu no país.
Em seguida, aparecem São Paulo, Bahia, Pará e Paraná. Na Bahia o número de mortos pela polícia também cresceu significativamente, mas o Fórum de Segurança ressalta que os dados do estado são os menos confiáveis de todo o levantamento, porque a Secretaria de Segurança Pública do estado não respondeu ao questionário.
Estado | 2015 | 2016 | Diferença |
---|---|---|---|
Rio de Janeiro | 645 | 925 | 280 |
São Paulo | 832 | 856 | 24 |
Bahia | 354 | 457 | 103 |
Pará | 193 | 282 | 89 |
Paraná | 246 | 267 | 21 |
Goiás | 141 | 209 | 68 |
Rio Grande do Sul | 111 | 168 | 57 |
Maranhão | 89 | 127 | 38 |
Minas Gerais | 108 | 112 | 4 |
Ceará | 86 | 109 | 23 |
Alagoas | 96 | 108 | 12 |
Sergipe | 43 | 94 | 51 |
Pernambuco | 44 | 75 | 31 |
Rio Grande do Norte | 76 | 65 | -11 |
Santa Catarina | 63 | 62 | -1 |
Amapá | 20 | 59 | 39 |
Espírito Santo | 25 | 50 | 25 |
Amazonas | 33 | 37 | 4 |
Piauí | 18 | 27 | 9 |
Mato Grosso do Sul | 40 | 26 | -14 |
Acre | 10 | 25 | 15 |
Paraíba | 15 | 22 | 7 |
Rondônia | 9 | 18 | 9 |
Mato Grosso | 8 | 15 | 7 |
Tocantins | 10 | 15 | 5 |
Distrito Federal | 10 | 7 | -3 |
Roraima | 5 | 5 | 0 |
Total | 3330 | 4222 | 892 |
Os pesquisadores usam duas metodologias diferentes: para os dados estaduais, são utilizadas informações fornecidas pelas secretarias; para os recortes por sexo, raça e idade, são avaliados boletins de ocorrência.