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Ministro é acusado de liberar verba da Caixa para compra de lotérica em AL

Por REDAÇÃO com Folha de São Paulo 23/05/2018 11h11
Ministro é acusado de liberar verba da Caixa para compra de lotérica em AL
O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, durante sua cerimônia de posse, em abril. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Investigações internas da Caixa Econômica Federal (CEF) apontam que o atual o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, liberou, quando ainda era gestor do banco, recursos que foram usados na compra de casa lotérica vendida por seu filho e seu enteado em Alagoas. As informações são da Folha de São Paulo. 

O valor de R$ 200 mil foi transferido a uma prefeitura local e, em seguida, depositado na conta de uma das lotéricas negociadas. Gustavo Occhi, filho do ministro, e Diogo Andrade dos Santos, filho da mulher dele, conseguiram concessões para explorar três casas no estado em 2011. Em janeiro de 2013, as lotéricas, localizadas nos municípios de Atalaia, Coqueiro Seco e Satuba, foram vendidas.

A movimentação foi de R$ 513 mil na conta do então superintendente nacional de gestão da Caixa no Nordeste. Depois disso, Occhi ocupou as funções de vice-presidente e presidente do CEF, cargo que deixou em abril de 2018.

Com a operação, os parentes de Occhi tiveram um ganho de pelo menos 100% em relação ao valor inicial pago pelas lotéricas um ano e meio antes. A prestadora de serviços do município descontou o cheque e depositou os R$ 200 mil na conta de uma das lotéricas. Segundo levantamento da Folha, trata-se da Conserg, empresa também fornecedora da Caixa em Alagoas.

O banco abriu em maio de 2011 licitação para distribuir 35 lotéricas em Alagoas, porém, não barrou a participação dos familiares do ministro. O Decreto nº 7.203, de junho de 2010, aborda o nepotismo na administração pública e determina que a restrição deveria constar do edital.

Outro lado
Em resposta, o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, afirmou que a licitação para as lotéricas em Alagoas “respeitou toda a legislação vigente à época”. “Não há possibilidade de intervenção de qualquer pessoa no processo”, completou.

Em relação ao uso do montante do banco para comprar uma das lotéricas, Occhi transferiu a responsabilidade da resposta à Caixa. O banco, por sua vez, informou que “os processos de apuração continuam em andamento a partir de apontamentos realizados por auditorias e órgãos de controle”.