Nacional
As ameaças que levaram Jean Wyllys a sair do Brasil
A Polícia Federal abriu cinco inquéritos sobre as ameaças contra o deputado federal
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) recebeu inúmeras ameaças de morte nos últimos dois anos. Com medo de ser morto, o parlamentar decidiu abrir mão de seu terceiro mandato no Congresso, para o qual foi eleito com pouco mais de 24 mil votos, e deixou o Brasil.
As ameaçadoras chegaram a Jean pelas redes sociais, pelo telefone do gabinete dele em Brasília e pelos e-mails pessoal e profissional. O parlamentar as encaminhou para a Polícia Federal, que abriu cinco inquéritos sobre as ameaças e determinou que o psolista se deslocasse com escolta armada desde março de 2018.
Nesta sexta-feira (25), o jornal “O Globo” revelou o conteúdo de algumas mensagens ameaçadoras contra Jean Wyllys. São palavras de ódio e preconceito.
Na quinta-feira (24), logo após a informação sobre o autoexílio do deputado ser noticiado, um e-mail ameaçador foi enviado aos assessores de Jean, com destaque para o trecho abaixo:
"Nossa dívida está paga. Não vamos mais atrás de você e sua família, como prometido. Mesmo após quase dois anos, estamos aqui atrás de você e a polícia não pôde fazer para nos parar".
Em novembro de 2016, Jean ficou assustado ao receber um longo e-mail que o chamava de “bixona” e ameaçava sua família.
"Você pode ser protegido, mas a sua família não. Já pensou em ver seus familiares estuprados e sem cabeça?".
Dias depois, segundo informações de “O Globo”, o mesmo remetente enviou para Wyllys e para o e-mail dos irmãos dele dados como endereços de todos, placa de carros e detalhes sobre a família do deputado. A partir dessa mensagem que a Polícia Federal abriu uma das cinco investigações.
Um mês depois, um outro remetente prometeu usar explosivos contra Jean. "Eu vou espalhar 500 quilos de explosivo triperóxido de triacetona, explosivo tão perigoso e potente que é chamado de mãe de Satan pelos terroristas do Estado Islâmico. [...] Se vocês duvidam que tenho capacidade para fazer isto, apenas vejam como é fácil produzir o explosivo".
Já em março de 2017, o deputado recebeu um outro e-mail com seus dados pessoais, como endereço, placa do seu carro e nome dos seus familiares.
“Vamos sequestrar a sua mãe, estuprá-la, e vamos desmembrá-la em vários pedaços que vamos te enviar pelo Correio pelos próximos meses. Matar você seria um presente, pois aliviaria a sua existência tão medíocre. Por isso vamos pegar sua mãe, aí você vai sofrer”.
No ano passado, mais precisamente em outubro, Jean solicitou uma medida cautelar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA) relatando as ameaças que recebeu e a falta de medidas protetivas do Estado brasileiro.
“Wyllys, hoje, está sendo compelido a viver quase que sem sair de sua residência, limitando seus compromissos ao estritamente necessário no campo profissional. Não tem levado vida normal, saudável ou tranquila. Vive aos sobressaltos, por si mesmo e por sua família. Suas dificuldades são enormes e algumas intransponíveis, desde o ato simples de pedir uma pizza e ter que divulgar seu endereço até receber amigos em casa”, diz o documento.
Os advogados de Jean Wyllys informaram que a Comissão fez recomendações ao Estado brasileiro, mas nada foi feito.