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Pretos e pardos são maioria da população com menor renda em AL
Levantamento evidencia desigualdade racial no trabalho formal e no informal
As pessoas que se declaram pretas ou pardas são a maioria da população com menor renda em Alagoas. Os dados são da pesquisa "Desigualdades Sociais por Cor e Raça", divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (13).
Com base em dados de 2018, o estudo revela que entre os 10% da população com menores rendimentos, 82% são pretos ou pardos, enquanto as pessoas brancas são apenas 17% deste total.
Já na variação que envolve os 10% da população com maiores rendimentos, 51% deste grupo são brancos, enquanto os pretos e pardos correspondem a 48,1% do total, a menor taxa da série histórica.
O levantamento considera uma distribuição populacional de 25,4% de brancos e de 73,4% de pretos ou pardos em Alagoas.
Mercado de trabalho
Essa constatação que mostra que pretos e pardos estão em desvantagens em Alagoas diante de comparativos de renda é perceptível também na avaliação do rendimento médio das pessoas maiores de 14 anos que possuem ocupação formal ou informal.
De acordo com o levantamento do IBGE, o rendimento médio do alagoano é R$ 1.507. Quando observado o rendimento médio por raça, os brancos recebem quase mil reais a mais que pretos ou pardos.
A população branca possui renda média de R$ 2.141, enquanto a população preta e parda acumula rendimento médio de R$ 1.260. Entre os trabalhadores de Maceió, a diferença do valor quase dobra.
No quesito que expõe apenas os rendimentos de ocupações formais, a desigualdade aumenta consideravelmente. O rendimento estadual médio das pessoas brancas é de R$ 2.649, enquanto os pretos ou pardos têm rendimento médio de R$ 1.655.
A situação não é diferente no rendimento das pessoas em ocupações informais, onde a população branca acumula rendimento médio de R$ 1.332 contra R$ 890 da população considerada preta ou parda.
Representatividade política
O IBGE também mostra a falta de representatividade política em Alagoas.
Em um estado em que 73,4% da população se considera preta ou parda, a maioria dos políticos eleitos é branca. Entre os nove parlamentares da bancada alagoana na Câmara dos Deputados, apenas quatro são pretos ou pardos, uma taxa de 44,4%.
No legislativo estadual a disparidade é ainda maior, apenas 25,9% dos 27 parlamentares que compõem a Assembleia Legislativa de Alagoas são pretos ou pardos.
Para o recorte em âmbito municipal, o IBGE usa dados de 2016, ano da mais recente legislatura. Entre os prefeitos eleitos, 49,5 são pretos ou pardos. O cenário só muda quando observada a representatividade entre os vereadores, 65,1% são pretos ou pardos.
Uso de tecnologias
Da população que se considera branca com idade entre 10 e 14 anos, 42,7% têm acesso a telefone móvel em Alagoas. Esse percentual cresce quando observada a população branca apenas de Maceió, 53,3%. Os dois valores são mais baixos entre a população preta ou parda na mesma faixa etária: só 32,9% em Alagoas têm acesso a telefone móvel. Em Maceió, são 47,6%.
A população branca da mesma idade com acesso a internet em Alagoas chega a 62,1%. Já a população preta ou parda neste grupo é de apenas 54,1%.
As diferenças são menores entre os jovens de 15 a 29 anos. Em Alagoas, 79,7% da população branca têm acesso a telefone móvel e 76,3% têm acesso a internet. Entre a população preta ou parda na mesma faixa etária, os percentuais ficam em 75,2% e 71%, respectivamente.