Nacional
Planalto quer que Ministério da Saúde apresente ações além do isolamento
Após tensa reunião que quase resultou em sua demissão, Mandetta concedeu entrevista mais concentrada nos números e providências da expansão do contágio
BRASÍLIA — Após desistir de trocar o comando do ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro tenta cobrar que o ministro Luiz Henrique Mandetta apresente um plano de ações contra o avanço do novo coronavírus que vá além das medidas de restrição à circulação de pessoas. Espera-se, por exemplo, que Mandetta faça recomendações para tratamento de infectados. A discussão sobre o uso da hidroxicloroquina, cuja efetividade não foi clinicamente comprovada, é uma das divergências entre Bolsonaro e o ministro.
A aliados, o presidente tem reclamado que o auxiliar estaria privilegiando governadores que lhe fazem oposição. Um vídeo de uma entrevista em que médico David Uip, que chefia o Centro de Contingência contra a Covid-19 do governo de São Paulo, alega ter se reunido com Mandetta para tratar do uso de hidroxicloroquina irritou o presidente. Na gravação, Uip diz que o ministro se comprometeu a destinar “um número de comprimidos suficientes para uso de qualquer paulista que tenha indicação, seja no sistema público ou no privado”. Dentro do governo federal, há dúvidas se haverá medicamento suficiente para todos e foi criticada a promessa de envio para São Paulo, estado governado por João Doria, desafeto de Bolsonaro.
No dia seguinte a tensa reunião que quase resultou em sua demissão do governo, Mandetta concedeu entrevista mais concentrada nos números e providências da expansão do contágio de coronavírus no país. E também criticou a divulgação de notícias falsas envolvendo seu nomes nas redes sociais. O volume de fake news envolvendo o ministro aumentou nos últimos dias, e parte circulou em grupos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.