Nacional
Luciano Hang diz que a CPI não tem provas contra ele e que "nada deve"
O empresário também provocou os senadores da comissão um dia antes de depor, Randolfe Rodrigues o alfinetou de volta
O empresário Luciano Hang, convocado para depor na CPI da Covid na manhã desta quarta-feira (29), afirmou que nada deve e não fez nada de errado. O proprietário das lojas Havan é um notório apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, sob suspeita de ser um dos membros do chamado "gabinete paralelo" que aconselhou o presidente com medidas ineficazes durante a pandemia, disse aos senadores: “A CPI não tem provas contra mim”.
Hang chegou ao Senado pouco depois das 10h e falou com a imprensa. Ele afirmou que, ao contrário de outros depoentes, chega ao colegiado sem um habeas corpus que lhe concede o direito de não responder perguntas durante a oitiva.
“Hoje aqui estou sozinho, como um brasileiro normal, um comerciante. Tenho a certeza de que estou com Deus e com milhões de brasileiros que querem um Brasil melhor e é por isso que eu luto”, disse.
O empresário é suspeito de ter financiado a disseminação de fake news em blogs bolsonaristas e o grupo de consultores informais do presidente Jair Bolsonaro. Outra situação que envolve Hang e a operadora de saúde é o caso da possível alteração na certidão de óbito da mãe dele, Regina Hang, supostamente a pedido do próprio empresário. A advogada Bruna Morato, que representa ex-médicos da Prevent Senior, confirmou, nessa terça-feira (28/9), em depoimento à CPI, que a mãe do empresário usou medicamentos sem comprovação de eficácia para a Covid-19 e teve a certidão de óbito alterada.
Às vésperas do depoimento, o empresário divulgou vídeo, nas redes sociais, algemado, provocando a comissão. Hang disse que vai depor com “o coração aberto”. “Se não aceitarem o que vou falar, já comprei uma algema para não gastarem dinheiro. Vou entregar uma chave para cada senador. E que me prendam”, ironizou.
O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), contudo, respondeu: “Ele é um depoente como qualquer outro e nós já tivemos um triste espetáculo de depoente que se utilizou das prerrogativas de parlamentar, que é o caso do deputado Ricardo Barros [líder do governo Bolsonaro na Câmara], para tentar tumultuar, [mas] o senhor Hang não tem imunidade parlamentar. Então, eu espero que ele se comporte conforme reza o Código de Processo Penal”.
“As algemas a mim não me incomodam. Se ele está tão obcecado pelo uso assim, é uma escolha dele”, alfinetou.