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Comunidade de menina ianomâmi de 12 anos estuprada e morta corre o risco de desaparecer; entenda

Aracaçá, uma das mais atingidas pelo garimpo ilegal em Roraima. Indígenas deixaram de plantar e fazem serviços para garimpeiros em troca de comida

Por Redação 27/04/2022 16h04 - Atualizado em 27/04/2022 16h04
Comunidade de menina ianomâmi de 12 anos estuprada e morta corre o risco de desaparecer; entenda
. - Foto: Foto: site Nova Cultura

Com 30 moradores, a comunidade de Aracaçá que fica na região de Waikás, uma das mais atingidas pelo garimpo ilegal em Roraima, pode vir a desaparecer. Indígenas deixaram de plantar e caçar e agora trocam comida por serviços para garimpeiros que exploram ilegalmente a Terra Indígena Yanomami. A área é a mesma onde uma menina ianomâmi, de 12 anos, foi estuprada e morta por invasores do território. Crime até então segue sem punição.

O alerta foi divulgado nesta quarta-feira (27), pelo relatório "Yanomami Sob Ataque", da Hutukara Associação (HAY).O documento cita que na região há uma "desordem social" causada pela influência dos garimpeiros. A Hutukara detalhou que os indígenas fazem serviços como carregar combustível e realizar pequenos fretes de canoa em troca de alimentos oferecidos pelos exploradores.

A chegada de drogas e bebidas alcoólicas por meio dos garimpeiros também provocou o aumento da violência e conflitos entre os indígenas da comunidade, conforme o relatório.

"Lá, ainda de acordo com os Palimiu Theli, os garimpeiros introduziram bebidas e um 'pó branco' que deixaram os Sanöma viciados, alterados e violentos ('pihi yayoprarioma', 'pihi xi warihiprario', 'pihi yaiprarioma'), resultando em muitos episódios de violência entre os de Aracaçá", cita trecho do relatório.

Além disso, em 2016, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre contaminação por mercúrio em indígenas da Terra Yanomami, no Norte de Roraima, revelou que indígenas da comunidade Aracaçá têm sido extremamente atingidos, com os maiores índices de contaminação. O produto é usado por garimpeiros para separar o ouro de dejetos e assim, deixá-lo "limpo" após a extração. Depois, o material é devolvido à natureza e acaba contaminando a água, peixes e caças, que são ingeridos pelos indígenas. 

Morte e estupro

A morte da menina ianomâmi após o estupro foi divulgada na noite de segunda-feira (25) pelo presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari Yanomami.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Hekurari afirma que, além da morte da menina, uma outra criança ianomâmi desapareceu após cair no rio Uraricoera, que margeia a região.

Na região de Waikás vivem 198 indígenas divididos entre as comunidades Kuratanha, Waikás e Aracaçá, onde a menina vivia, segundo o Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY).

O acesso à região demora cerca de 1h15 de voo saindo de Boa Vista. Mas, para chegar até a comunidade Aracaçá, são mais 20 minutos de helicóptero ou cinco horas de barco pelo rio Uraricoera.

*Com informações do G1