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Naufrágio no Pará: 'Comandante não deixou a gente pegar colete', revela sobrevivente
Vanildo Portal Lopes, que perdeu duas filhas e a sogra em tragédia, conta que ele mesmo precisou soltar duas boias grandes que estavam presas no teto da embarcação para ajudar no resgate de sua família e outras pessoas
Segundo as autoridades, 66 pessoas sobreviveram ao naufrágio ocorrido na última quinta-feira (8) na Baía de Marajó. Uma delas, Vanildo Portal Lopes, que estava na embarcação a caminho de Belém com seis filhas, a esposa e a sogra, conversou com o Profissão Repórter.
Ex-pescador, ele conta que percebeu que a embarcação iria naufragar e que ainda conseguiu soltar dois botes salva-vidas que existiam no teto, ajudando a salvar cerca de 20 pessoas. Segundo Vanildo, o comandante, que foi preso nesta terça (13), não deixou os passageiros pegarem coletes.
“O barco parou - a hélice tinha quebrado - e começou a entrar muita água por trás. O comandante não deixou a gente pegar colete. Fui falando para a minha esposa que saísse lá de dentro, que o barco ia para o fundo, e chegando do lado de fora, eu subi para tirar as boias. Só que elas estavam muito bem amarradas, o nó... Só deu para eu tirar duas boias grandes, que foi onde nós nos salvamos. Joguei as boias na água e comecei a procurar as minhas filhas. Eu não consegui salvar as minhas filhas", lamentou Vanildo, se emocionando.
Uma das duas filhas desaparecidas de Vanildo estava grávida de nove meses e tinha 17 anos; a outra tinha nove. O corpo das duas foi encontrado um dia depois que ele deu a entrevista à equipe.
“Eu estou há duas noites sem dormir. É aquele filme, vendo as pessoas dentro de um navio, batendo para eu resgatar e eu não tendo nada para quebrar o vidro... E a embarcação afundando e eu vendo aquelas pessoas ali dentro. É angustiante. Pedindo socorro e você não pode fazer nada", contou.