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Baixa cobertura vacinal oferece risco de reintrodução de doenças

Cobertura vacinal da população contra doenças como sarampo e poliomielite caiu ao longo dos anos, graças a fatores como a pandemia e a desinformação espalhada por movimentos

Por Assessoria 27/09/2022 14h02
Baixa cobertura vacinal oferece risco de reintrodução de doenças
No caso brasileiro, o problema é atestado pelo Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), reunidos pelo setor de informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). - Foto: Assessoria

A diminuição na cobertura vacinal pode provocar o ressurgimento e a disseminação de doenças que foram controladas e eliminadas pelo país no passado. Um forte sinal neste sentido veio da Organização Panamericana de Saúde (Opas), que colocou o Brasil entre os 12 países com alto risco de surto de poliomielite, também conhecida como paralisia infantil e que teve seu último caso registrado no Brasil em 1989. Segundo a entidade, a cobertura vacinal contra caiu abaixo de 80% em quase toda a América do Sul, e a pólio pode se espalhar rapidamente entre comunidades com cobertura vacinal insuficiente.

No caso brasileiro, o problema é atestado pelo Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), reunidos pelo setor de informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). Ele mostra que neste ano de 2022, desde janeiro até a segunda semana de setembro, o índice geral de cobertura vacinal da população brasileira estava em 44,11%, bastante abaixo dos índices mínimos recomendados pelo Ministério, que são entre 90% e 95%, índices que foram alcançados na média geral pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 95,07%. No ano passado, ele foi de apenas 59,94%

Entre os fatores que interferiram negativamente nestes índices, estão a desinformação, a pandemia de Covid-19 e as fakenews espalhadas por movimentos anti-vacinas que cresceram muito nos últimos anos. “Esse movimento não tem fundamentação alguma em achados científicos, sendo baseado exclusivamente em opiniões pessoais e, muitas vezes, ideologias políticas. Resumindo, muitas pessoas tem deixado de se vacinar e vacinar seus filhos simplesmente porque acham que não devem se vacinar”, lamenta o médico Matheus Todt Aragão, infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe).

A professora Maria Paula Reis Futuro, preceptora de estágios do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), explica que o Brasil dispõe de um Programa Nacional de Imunização (PNI), criado em 1973 e estruturado ao longo dos anos, sob operação do Sistema Único de Saúde (SUS) e com um calendário anual, que garante a imunização contra 19 doenças. Algumas delas chegaram a ser erradicadas e outras, controladas.

“O Brasil sustentou altas coberturas vacinais por muitos anos, foi reconhecido e serviu de exemplo em muitos países. Até o momento, as doenças erradicadas por meio da vacinação foram a varíola humana e dois tipos do poliovirus selvagem, mas ainda há possibilidade de adoecimento pela Poliomielite causada pelo poliovirus 1. Outra doença eliminada aqui no Brasil por meio da vacinação foi a rubéola congênita”, afirma ela.

Para o professor Todt, o maior risco está no retorno de doenças imunopreveníveis que estavam eliminadas ou controladas no país. “Os perigos são inúmeros e seríssimos. É fato que muitos de nós estão vivos hoje devido a vacinação massiva que houve no passado. Vimos há alguns anos o retorno do Sarampo (erradicado no início dos anos 2000), o aumento dos casos de Febre Amarela e, mais recentemente, a ameaça do retorno da Poliomielite. O fato é que a redução da cobertura vacinal que temos observados, sobretudo na última década, expõe desnecessariamente a população a doenças graves e mesmo fatais que estavam controladas”, lamentou.

Mais campanhas


A comunidade médica e científica defende campanhas nacionais de imunização com uma maior participação de instituições da sociedade científica e das instituições de ensino de todos os níveis de ensino, tanto públicas como privadas. “Precisam também sensibilizar os conselhos de classe da saúde, hospitais e clínicas quanto à importância da vacinação, compartilhar informações verídicas de fontes confiáveis, a exemplo da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM) e ao mesmo tempo combatendo as fake news. As Universidades também podem contribuir estimulando produções científicas, participando com divulgações e até mesmo participando ativamente nas campanhas de vacina”, propõe Maria Paula.

Um exemplo dessa participação das faculdades e universidades neste objetivo é o engajamento do Grupo Tiradentes e de suas unidades nas ações de imunização contra a Covid-19, com parcerias firmadas entre a companhia e as prefeituras de cidades como Aracaju, Maceió e Jaboatão (PE), cedendo espaços e engajando seus alunos, professores e preceptores de Enfermagem e outros cursos nestas campanhas.