Nacional

Brasil tem alta da Covid em onda que deve durar até 6 semanas; entenda

Taxa de testes positivos para o vírus Sars-Cov-2 dobrou tanto no relatório da Abramed e quanto no do Instituto Todos pela Saúde (ITpS)

Por Redação* 31/08/2023 09h09 - Atualizado em 31/08/2023 10h10
Brasil tem alta da Covid em onda que deve durar até 6 semanas; entenda
Brasil tem alta da Covid em onda que deve durar até 6 semanas - Foto: Reprodução

De acordo com dois relatórios independentes divulgados na quarta-feira (30), a taxa de testes positivos para Covid-19 registrou um aumento significativo nas primeiras semanas de agosto no Brasil. Esses levantamentos convergentes revelam um acréscimo de cerca de 7 pontos percentuais na taxa de positividade, resultando em um número dobrado de indivíduos diagnosticados com o vírus Sars-CoV-2.

COMPREENDENDO O CONTEXTO: Este aumento ocorre em um contexto diferente do que foi observado em fases anteriores da pandemia:

Variante: OMS monitora o aumento da circulação da Éris, uma subvariante da Ômicron, que é um dos fatores apontados por especialistas para o aumento dos casos;
Gravidade: Apesar de mais transmissível, a Éris não está associada a casos mais graves ou mortes; para a OMS, ela é uma "variante de interesse", grau inferior ao das "variantes de preocupação".
Vacinação: Brasil enfrenta a sazonalidade dos casos com maioria da população já tendo tomado as doses básicas da vacina, mas o reforço da vacina bivalente só foi aplicado em 15% do público-alvo.
Grupos vulneráveis: pessoas imunossuprimidas (com baixa imunidade, seja por doenças ou por transplante) devem redobrar o cuidado com aglomerações e sempre manter o uso de máscaras.
Duração da onda: na avaliação de Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, a atual onda da Covid deve durar entre 4 a 6 semanas.

Levantamento dos testes positivos

O aumento dos casos foi reportado por duas entidades. Um dos levantamentos é da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representa laboratórios e clínicas privadas:

de 6,3% (29 de julho a 4 de agosto) para 13,8% (em 12 a 18 de agosto)
"Possivelmente, sim, existe relação com a nova variante que demonstrou ser muito transmissível, embora, ela não traga quadros muito graves das pessoas que são infectadas", afirma Wilson Shcolnik · Presidente do Conselho de Administração (Abramed).

Outra fonte é o Instituto Todos pela Saúde (ITpS), que analisa dados dos laboratórios Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Hilab, HLAGyn e Sabin:

de 7% para 15,3% entre as semanas encerradas em 22 de julho e 19 de agosto
Segundo o ITpS, os percentuais mais elevados são observados nas faixas etárias de 49 a 59 anos (21,4%) e acima de 80 anos (20,9%).

Conforme mostra o infográfico abaixo, a atual taxa de 15,3% é inferior ao que foi visto até mesmo em dezembro do ano passado, quando os números chegaram a 38%.

Sars-Cov-2, um vírus que coexiste

A infectologista Carla Kobayashi afirma que é preciso considerar que o vírus da Covid vai "coexistir" como um vírus respiratório entre aproximadamente outros 20 que nos acometem sazonalmente. Ela afirma que o cenário hoje é muito diferente do visto no início da pandemia graças à vacinação, à imunidade adquirida e a evolução do vírus, que mudou para ser menos letal e mais transmissível.

"Acaba que é possível ter aquele aumento do número de casos pela sazonalidade do vírus, pela coexistência de ser um vírus respiratório circulando e causando as infecções (mais leves ou mesmo mais severas) Você pode ter uma pneumonia ainda pelo Covid ou pode ter só sintomas gripais", explica Kobayashi, afirmando que a gravidade do quadro depende da situação de cada pessoa.

Mudam os protocolos? Como me cuidar?

Os especialistas são unânimes em afirmar que, no atual momento, ter todas as doses possíveis da vacina contra a Covid é a melhor medida. É justamente o fato de a maioria da população ter tomado ao menos as doses básicas que evita o aumento das internações e das mortes.

"A gente ainda tem uma cobertura vacinal com a bivalente baixa, mas há uma cobertura vacinal com as doses anteriores bastante elevados", afirma Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Carla Kobayashi esclarece que a prioridade neste momento é "alcançar uma imunidade mais direcionada por meio da vacina bivalente, que contém um antígeno específico para a variante Ômicron, resultando em um reforço na proteção".

No entanto, apesar das recomendações e das campanhas, a adesão tem sido limitada: apenas 15% do grupo-alvo recebeu a vacina bivalente até julho.

Máscaras para grupos mais vulneráveis
De acordo com a infectologista Carla Kobayashi, as pessoas com sistema imunológico fragilizado frequentemente não conseguem desenvolver a mesma resposta imune pela vacina, em comparação com aqueles que não possuem comprometimentos de saúde. Por essa razão, especialmente para essa parcela da população, o uso de máscaras é altamente recomendado.

"Utilizar máscaras em locais fechados com aglomerações é altamente benéfico, visto que isso reduz a probabilidade de transmissão de vírus respiratórios, não apenas do coronavírus, mas também do influenza, que pode ser especialmente perigoso para indivíduos com imunidade comprometida", explica a especialista em infectologia.

*Com dados do G1