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Professor é levado para delegacia após sacar faca em briga com alunos
Dois alunos e o professor foram encaminhados à delegacia e, em seguida, liberados por terem cometido crime de menor potencial ofensivo
Um professor do Instituto de Matemática da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi levado para a delegacia, na manhã desta terça-feira (3), após sacar faca durante uma briga com estudantes. Além da faca, também foi apreendido com ele um spray de pimenta que teria sido usado pelo docente durante a confusão.
Em depoimento à Polícia Civil, uma cabo da 3ª Cia do 8º BPMI afirmou ter sido chamada por um segurança da universidade para verificar uma briga em que alunos haviam investido contra um professor, que também teria investido contra o grupo munido de uma faca de um spray.
A confusão aconteceu no contexto de uma greve organizada pelos alunos e apoiada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU). Segundo a reitoria da universidade, os alunos protestam contra “projetos de privatização do governo do Estado e em apoio ao movimento da USP, que pede a contratação de professores”.
O docente Rafael de Freitas Leão, também em depoimento à Polícia Civil, relatou que não sabia da paralisação estudantil quando chegou ao prédio do Instituto de Matemática na manhã desta terça. Segundo o professor, um aluno que foi posteriormente identificado como Gustavo Henrique Pedro Bispo dos Santos disse que ele não daria aula por conta da greve e o empurrou no chão.
Outro estudante, identificado como João Gabriel Cruz, contou aos policiais que viu o professor entrando no instituto com Gustavo e uma outra aluna, que depois teria saído do prédio gritando que o docente havia sacado uma faca. Segundo ele, Gustavo teria saído correndo do prédio e João Gabriel pediu aos colegas que vigiassem o prédio para que o professor não fugisse antes da chegada da vigilância do campus.
O professor, então, teria tentado sair pela entrada vigiado por João Gabriel e, segundo relatado pelo aluno, atacado ele com um spray de pimenta. Um vigilante, também em depoimento, contou que avistou a dupla em luta corporal, imobilizou o docente e o levou para dentro de uma sala de aula, onde encontrou o spray e uma faca no bolso do professor. Só então o vigilante teria acionado os policiais militares.
Em sua versão, o professor defende que só sacou a faca para Gustavo porque havia sido empurrado pelo aluno. Ele disse ainda que fez uso do spray de pimenta para dispersar um grupo de alunos que teria se aglomerado ao seu redor e temia ser linchado, já que, segundo ele, João Gabriel incitava seus colegas a investirem contra ele.
Gustavo, que é líder Diretório Central dos Estudantes da Unicamp, João Gabriel, que é do Centro Acadêmico de Filosofia e o professor Rafael foram levados para o 1º DP de Campinas. Lá, os três assinaram um termo de compromisso e foram liberados já que teriam cometido crime de menor potencial ofensivo, cujas penas somadas não ultrapassam os 2 anos.
Segundo a Polícia Civil, os três devem se apresentar ao Ministério Público assim que forem intimados.
Em nota enviada à CNN, a reitoria da Unicamp repudiu os atos de violência, afirmou que averiguará a conduta do docente “para além do inquérito policial instaurado” e pediu “calma e serenidade para que os conflitos sejam tratados de forma adequada e os problemas, dirimidos”.
Já o Diretório Central dos Estudante da Unicamp, também em nota enviada à CNN, defendeu a exoneração do professor.
“Isso só mostra a cultura fascista e racista organizada pelo bolsonarismo e pelo capitalismo na nossa sociedade e que precisamos combater urgentemente. Contra a perseguição política a es estudantes que lutam e pela vivência universitária des alunes negres na universidade!”, diz o texto.
A greve, organizada pelos alunos e apoiada pelo STU, tem como demandas principais o aumento de investimentos em infraestrutura, a promoção de maior acessibilidade nos campi, a inclusão de cotas para pessoas trans, o combate ao racismo e às perseguições políticas e a luta contra a precarização da universidade.
De acordo com a Reitoria, as atividades acadêmicas, administrativas e de atendimento na área da saúde ocorrem normalmente na universidade.