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Assassina do menino Bernardo é encontrada morta na prisão, em Porto Alegre

Edelvânia Wirganovicz era uma das quatro pessoas condenadas por homicídio e ocultação do corpo do garoto de 11 anos, em 2014

Por Veja 23/04/2025 15h03
Assassina do menino Bernardo é encontrada morta na prisão, em Porto Alegre
Bernardo Boldrini, morto aos 11 anos em 2014 em Três Passos (RS); quatro pessoas foram presas e condenadas, incluindo pai e madrasta do garoto - Foto: Reprodução/RBS TV/VEJA

Edelvânia Wirganovicz, de 51 anos, foi encontrada morta em sua cela na prisão em Porto Alegre na tarde da última terça-feira, 22. Ela era uma das quatro pessoas condenadas pela morte do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, em abril de 2014. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga a hipótese de suicídio.

Em 2019, Edelvânia foi condenada a 22 anos e dez meses de prisão por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, inicialmente em regime fechado, e conseguiu a progressão ao semiaberto em 2022. Ela cumpria pena no Instituto Penal Feminino, na capital gaúcha.

Edelvânia era amiga da madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini, condenada a 34 anos e sete meses de prisão pelo crime, e foi a responsável por cavar uma cova para esconder o corpo em Frederico Westphalen, cidade gaúcha vizinha de Três Passos, onde o garoto foi morto em 4 de abril de 2014 — cerca de uma semana depois, ela confessou e informou onde o cadáver estava localizado. No último dia 4, o chocante homicídio completou onze anos.

Os outros condenados pelo assassinato são o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, e o pai de Bernardo, Leandro Boldrini, sentenciados a nove anos e seis meses e a 33 anos e oito meses de prisão, respectivamente. Todos os réus cumprem pena, atualmente, em regime semiaberto.

Relembre o caso

Aos onze anos de idade, Bernardo Uglione Boldrini desapareceu no dia 4 de abril de 2014 em Três Passos, município do Noroeste gaúcho a cerca de 400 quilômetros de distância de Porto Alegre onde vivia com o pai, o médico Leandro Boldrini, e a madrasta, a enfermeira Graciele Ugulini, além de uma irmã de um ano de vida.
Segundo a polícia, a família registrou o desaparecimento de Bernardo após ele, supostamente, ter saído de casa às 18h daquele dia para ir à casa de um amigo. À época, Leandro Boldrini chegou a dar depoimento a uma rádio local descrevendo as características físicas do filho e pedindo ajuda para encontrá-lo.

Dez dias depois, em 14 de abril, o corpo de Bernardo foi encontrado enterrado em uma área de matagal em Frederico Westphalen, a 81 quilômetros de Três Passos. O laudo pericial revelou que o garoto foi assassinado com uma overdose de midazolam, sedativo utilizado em cirurgias e no tratamento de insônia, resultando em parada cardiorrespiratória. Os quatro autores foram presos, sendo condenados por júri popular em 2019.

Durante o julgamento, testemunhas relataram que Bernardo vivia em situação de negligência e abuso familiar por Leandro e Graciele. Segundo os depoimentos, o garoto era proibido de assistir à televisão, nadar na piscina de casa e até de fazer refeições com a madrasta — apesar da ótima condição financeira do pai, os relatos são de que ele passava fome e frequentemente almoçava na casa de amigos.

Bernardo Boldrini foi enterrado na cidade gaúcha de Santa Maria no mesmo túmulo que a mãe, Odilaine Uglione, que cometeu suicídio com um tiro de arma de fogo no consultório de Leandro, em 2010. Após o assassinato do garoto, a investigação sobre a morte de Odilaine foi reaberta pela Justiça, mas o caso voltou a ser arquivado em 2022 por falta de novos elementos que indicassem homicídio.