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Preso por suspeita de desvio de verbas, superintendente de Finanças da Saúde do RJ ganhava R$ 39,4 mil no cargo

Outros três acusados de desviar dinheiro foram detidos no Rio e em Brasília em etapa da operação Mercadores do Caos, nesta quarta-feira

Por O Globo 18/06/2020 07h07
Preso por suspeita de desvio de verbas, superintendente de Finanças da Saúde do RJ ganhava R$ 39,4 mil no cargo
Superintendente de Orçamento e Finanças da Secretaria de Saúde (de casaco) é preso: acusado de fraude - Foto: Fabiano Rocha / Agência O GLOBO

Em uma nova etapa para desbaratar a quadrilha acusada de desviar dinheiro público destinado à compra de respiradores, necessários para pacientes com Covid-19, a operação Mercadores do Caos prendeu nesta quarta-feira preventivamente o atual superintendente de Orçamento e Finanças da Secretaria estadual de Saúde, Carlos Frederico Verçosa Duboc. Na mesma ação conjunta, do Ministério Público do Rio e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios , foram detidos o empresário Anderson Gomes Bezerra, no Rio, além de Domingos Ayres da Fonseca e Paula Alessandra Rodrigues de Oliveira, em Brasília. Eles seriam sócios de empresas envolvidas no esquema.

Duboc foi preso em casa, em Pendotiba, Niterói. Contratado na gestão de Edmar Santos (antecessor de Ferry e exonerado), ele continuou na equipe do atual secretário. Servidor da prefeitura do Rio, estava cedido ao estado desde 2019, mas continuava com os vencimentos da administração municipal, que somam R$ 39,4 mil brutos. O advogado de Duboc não foi localizado.

Anderson também foi preso em casa, no Lins. O empresário teria recebido R$ 678 mil da Globaltec, subcontratada pela A2A para fornecer respiradores. Advogado de Anderson, Fernando Drummond disse que seu cliente é apenas funcionário da Globaltec.

Segundo o MP, a organização criminosa recebeu adiantado cerca de R$ 37 milhões do estado, em um contrato de R$ 180 milhões, para fornecer respiradores para tratamento de pacientes com Covid-19. Passados mais de dois meses da data prevista, nenhum dos aparelhos foi entregue pelas empresas, nem os valores devolvidos.

Ao RJ TV, da TV Globo, o secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, que assumiu a pasta em maio, disse que ficou surpreso com a prisão. Afirmou que, desde 3 de junho, ele passou a ser o ordenador pleno de despesas da pasta. E reconheceu que há irregularidades em contratos da gestão passada, que estão sendo revistos por quatro auditores. Ao ser questionado se havia muita lama, disse opinar como cidadão: 

— Se falar como cidadão, não como secretário, acho que tem (lama).

Segundo o promotor Carlos Bernardo Alves Arão Reis, subcoordenador do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção, novas ações estão sendo preparadas contra a quadrilha:

— Ela era dividida em quatro núcleos. Um estava dentro da Secretaria de Saúde e era chefiado por Gabriell Neves (ex-subsecretário, já detido). Existiam outros três núcleos empresariais.