Nacional

Bolsonaro indica gen. Joaquim Silva e Luna à presidência da Petrobras

Luna também vai atuar no conselho de administração da estatal

Por Redação com CNN Brasil 20/02/2021 13h01
Bolsonaro indica gen. Joaquim Silva e Luna à presidência da Petrobras
Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo indicou o general Joaquim Silva e Luna para substituir o cargo do atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. Ele também vai atuar no conselho de administração da estatal. A decisão foi comunicada por meio de suas redes sociais.

Para assumir o cargo de CEO, Luna precisará ter a aprovação do conselho de administração da companhia. Caso a indicação não seja aceita, o presidente da república pode destituir o conselho e montar outro. 

Joaquim Luna é general da reserva do Exército e ocupava a presidência da usina de Itaipu. Antes, ocupou o cargo de ministro da Defesa no governo do ex-presidente Michel Temer. Ele foi o primeiro militar a sentar na cadeira do Ministério, criado em 1999. 

Castello Branco está no comando da Petrobras desde o início do governo de Jair Bolsonaro e foi indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Na nota, assinada pela assessoria de comunicação social do Governo Federal, Bolsonaro afirmou que Luna assumirá o cargo após o "encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente". 

O mandato de Castello Branco se encerra em março. O conselho de administração deve se reunir na terça-feira para discutir a troca. 

A Petrobras, por meio de fato relevante, afirmou que recebeu o ofício para a substituição do governo, mas não foi além.

"A Petrobras esclarece que o presidente Roberto Castello Branco e demais Diretores Executivos da empresa têm mandato vigente até o dia 20 de março de 2021. A Petrobras informa que novos fatos relevantes serão oportunamente divulgados ao mercado", diz a nota. 

O anúncio acontece após Bolsonaro demonstrar descontentamento com a atual política de reajustes da estatal. Em sua tradicional live de quinta-feira, Bolsonaro já deu sinais de que estava preparando mudanças. Na sexta-feira (19), em Pernambuco, foi ainda mais incisivo.

"Anuncio que teremos mudanças, sim, na Petrobras. Jamais vamos interferir nessa grande empresa, na sua política de preço, mas o povo não pode ser surpreendido com certos reajustes", disse Bolsonaro. "Faça-os, mas com previsibilidade. É isso que nós queremos."

As falas do presidente repercutiram no mercado nessa sexta-feira (19). As ações da Petrobras lideraram as quedas no Ibovespa: as preferenciais caíram 7,92%, enquanto as ordinárias, que dão direito a voto, recuaram 6,63%. 

Mercado surpreso

Para o economista-chefe da corretora Necton, André Perfeito, caso a mudança seja feita dessa maneira abrupta, Bolsonaro "deu um perigoso passo fora da agenda que o sustenta no poder abrindo espaço para especulações sobre suas convicções liberais de fato."

Para Henrique Esteter, analista da corretora Guide, foi "uma interferência maior do que se esperava". Antes, se imaginava uma mudança na política de preços, já que o presidente vinha se posicionando contra as altas. 

Por isso, Esteter acredita que a mudança pode tornar a Petrobras mais uma vez um braço do governo no controle de preços dos combustíveis, tirando o foco da lucratividade e crescimento.

"A empresa vinha caminhando muito bem nos últimos meses e Castello Branco estava fazendo um trabalho fantástico", diz ele.

Para Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos, o discurso do presidente foi contraditório ao da atitude. Segundo Panonko, a interferência política na gestão vai fazer com que as ações despenquem ainda mais na próxima segunda-feira.