Polícia
MP ajuíza ação contra monitores acusados de tortura e pede perda de cargo
Agentes foram acusados de praticarem agressões fisicas ilegais em adolescentes da UAM
O Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) ajuizou, no último dia 10, uma ação civil de responsabilidade por ato de improbidade administrativa contra quatro monitores da Unidade de Acolhimento Inicial Masculina (UAM) acusados de torturar adolescentes que cumprem medida socioeducativa naquele local. Promotoria de Justiça da Capital pediu a perda do cargo de todos os acusados, a suspensão dos seus direitos políticos e o pagamento de multa civil.
A ação foi ajuizada em desfavor dos quatro agentes socioeducativos porque, segundo o Ministério Público, eles praticaram agressões físicas ilegais contra adolescentes da Unidade de Acolhimento Inicial Masculina no dia 16 de fevereiro de 2016, após suspeitarem que eles estivessem se organizando para empreender fuga.
Tal fato foi investigado pelo promotor de Justiça Humberto Pimentel por meio do inquérito civil nº 1/2016. Nesse procedimento, um agente contou que os monitores “utilizaram cassetetes para dominar os adolescentes, chegando a atingir alguns deles, e inclusive utilizaram pistola de choque e desferiram chutes e socos”. E continuou, dizendo que houve “excesso por parte dos agentes”, uma vez que, aos verem que havia chegado reforço, “eles retiraram as camisas das cabeças e se posicionaram no fundo do alojamento, e mesmo assim foram agredidos”.
Também foi apurado pelo MPE/AL que os monitores chegaram até os adolescentes porque um dos agentes teria ouvido uma conversa tensa entre os socioeducandos dos alojamentos 1 e 2, que articulavam render os agentes para, na sequência, tentar uma fuga. Diante do que ouvira, o monitor acionou os componentes da equipe e a coordenação de segurança da UAM, a fim de comunicar o plano. Logo depois, um grupo de agentes teria invadido o local e agredido as vítimas.
Outros depoimentos
Um socioeducando ouvido pela 12ª Promotoria de Justiça da Capital confirmou que o Grupamento Operacional de Agentes Socioeducativos foi até o alojamento 1 e já teria entrado no local “agredindo a todos com cassetetes, socos e choques elétricos”.
Outro adolescente, mais um dentre os que estavam na Unidade, disse que os monitores chutaram a porta do alojamento e começaram a imobilizar os demais internos, também com agressões físicas. Ele disse que “foi agredido por duas vezes, sendo que a segunda agressão foi mais violenta, pois além das agressões citadas, foram-lhe aplicadas rasteiras que o derrubaram por diversas vezes”.