Polícia

Adoção tardia: Ampliação do perfil de crianças agiliza andamento do processo de adoção

“Eu digo que foram nove meses, uma gestação”, comentou o bombeiro Jackson Canuto

Por Dicom TJAL 25/05/2018 13h01
Adoção tardia: Ampliação do perfil de crianças agiliza andamento do processo de adoção
A professora Talita Regina Gusmão e o bombeiro militar Jackson Canuto Filho adotaram as irmãs Vitória e Maria Eduarda. Foto: Itawi Albuquerque

“O amar, o cuidar, o querer bem e fazer o melhor por aquela pessoa, é adoção. Então, em um sentido mais amplo, é isso. Mas, em um sentido muito mais íntimo, do que eu estou passando agora, de adotar filhos, de formar uma família, é muito maior, é muito mais forte”. Foi assim que a professora Talita Regina Gusmão, casada com o bombeiro militar Jackson Canuto Filho, definiu o processo de adoção das irmãs Vitória e Maria Eduarda, de 6 e 8 anos. 

“Na primeira vez que me perguntaram isso, eu falei que era um resgate da família para aquelas crianças e, pra gente, é uma descoberta. Aquele momento de passar a ter uma família”, explicou o  bombeiro militar Jackson Canuto Filho, que trabalha e mora em Maceió. Juntos há nove anos, o casal sempre sonhou em ter filhos. Como não foi possível naturalmente, fizeram opção pela adoção com apoio do Judiciário de Alagoas.

“A gente já tinha essa ideia de adoção, de ter filhos. Tanto adotados ou biológicos. Então a gente foi amadurecendo [a ideia] e quando a gente tentou ter filhos biológicos, não aconteceu, e todo mundo veio com uma cobrança de fazer tratamento para engravidar, mas a gente decidiu não fazer tratamento e sim fazer a adoção, porque seriam filhos do mesmo jeito”, contou a professora.

Processo de adoção concluído em menos de um ano

Com um perfil amplo para a adoção, o casal deu entrada do processo físico junto à 28ª Vara Cível da Capital - Infância e Juventude, em abril de 2017. Após a entrega da documentação, curso, entrevistas, visitas à residência, em agosto daquele ano, Talita e Jackson já estavam aptos para adoção e mais próximos de receber as duas crianças em casa.

“Entramos na fila em agosto. Passamos o segundo semestre levando a vida e esperando. Em janeiro, decidimos ir lá na unidade para saber como estava o processo. Era uma quarta-feira. Disseram que não tinha nenhuma criança destituída, apesar de nosso perfil ser amplo, [com crianças de] até oito anos”, conta Talita.

O casal saiu do Juizado achando que  a adoção demoraria. “Dois dias depois, na sexta-feira, ligaram pra gente falando das duas meninas”, recordou Talita, para quem a emoção foi ainda maior, já que a notícia de que as garotas estariam aptas à adoção veio pouco após seu aniversário.

“Eu fiz aniversário no dia 6 de janeiro e a gente soube delas no dia 12. Então, foi como um presente de aniversário mesmo. E foi um susto, né? Porque a gente estava pensando que ia demorar”, relembrou a professora.

Perfil ampliado traz menos espera para casais e crianças

Foi tudo muito rápido. Em menos de um ano, o casal já desfrutava da alegria das meninas.  “Eu digo que foram nove meses, uma gestação, de 15 de abril a 12 de janeiro”, comentou Jackson sobre o período de processo de adoção das irmãs. Ele destacou ainda a importância que ter o perfil ampliado trouxe para o processo de adoção.

Com relação ao perfil da criança, o bombeiro  explica que “não viu muita rejeição, porque até quando a gente tem um filho biológico a gente não escolhe como ele vai vir [...]”. Reforçou ainda que “ele vem e a gente tem que se adaptar a ele. Da mesma forma é com as crianças que são adotadas”.

Adaptação das duas irmãs à nova família

Sobre a adaptação da família, dizem que é um momento de descobertas, que envolve disciplina, sabedoria e muita alegria. “A gente se vê rindo o tempo todo com as palavras que elas falam, às vezes elas criam palavras, elas vieram com as dificuldades delas. A gente ri, a gente se emociona. Elas trouxeram luz pra nossa casa, vida, com certeza”, disse ela.

Para Jackson, quando a adaptação começou a fluir, tudo ficou mais tranquilo e a alegria se instalou. “Elas trazem também muita união, porque a gente passa a ficar mais junto, a elaborar programas para os quatro. Aí gera mais amor, compreensão, a gente passa a ficar analisando os outros. Tudo isso veio o junto com elas”.

Primeiro encontro: você vai me levar para sua casa?

Na primeira visita ao lar onde as meninas estavam acolhidas, o casal conversou apenas com a assistente social. No sábado seguinte a esta primeira visita, foi o momento de finalmente poder ter o primeiro contato com as irmãs. 

“Quando chegamos, já vimos umas cabecinhas correndo para um lado e para o outro, já ansiosas. Começamos a conversar e elas [estavam] com vergonha, mas não deu dez minutos, já estavam catando manga com a gente, correndo, fazendo trança no meu cabelo e perguntando. 'Você vai me levar pra sua casa'. Então a gente começou com esse aconchego a ficar junto, uma grudou no Jackson a outra grudou em mim”, contou Talita.

Esse foi o primeiro momento da série de descobertas que o casal e as crianças teriam. A rotina dos quatro também não foi a mesma, mas Talita enfatiza que eles não se vêm sem suas filhas mais. “Eu já acordo pensando se elas já acordaram, já comeram, onde elas estão”, disse.

“Como eu também sou engenheiro, acordo cedo, umas 5 horas da manhã. E aí eu já vinha fazer algum projeto, adiantar alguma coisa. Hoje mudou. Porque quando dá 5h30, no máximo, eu vou preparar café da manhã pra elas, porque às 6h eu acordo elas, para às 7h elas já estarem na escola”, também comentou Jackson sobre a mudança de rotina.

Para eles, as mudanças não parecem ser algo de poucos meses, mas de uma vida ao qual eles já se adaptaram, como família. “E o melhor é que parece que sempre foi assim. Parece que a gente não lembra mais de como era antes”, ressaltou Talita.