Polícia
Após anos de desaparecimento, ossada encontrada em Piaçabuçu é de Roberta Dias
Restos mortais que se encontram no IML de Arapiraca serão entregues a família da estudante

O Laboratório de Genética Forense do Instituto de Criminalística de Alagoas emitiu na manhã desta quarta-feira (14), o laudo pericial na ossada encontrada no Povoado Pontal do Peba em Piaçabuçu este ano. O exame de DNA confirmou que os restos mortais são da estudante Roberta Dias, desaparecida desde 2012.
O fim desse longo mistério começou a ser esclarecido quando populares encontraram no dia 18 de abril um crânio em um areal da praia do povoado. Três dias depois, em 21 de abril, sabendo do achado, a família da jovem resolveu fazer uma busca na mesma região e encontrou parte de um esqueleto humano.
Como foi levantada a suspeita de que esses ossos seriam da estudante Roberta Dias, o setor de DNA do Instituto de Medicina Legal de Arapiraca enviou ao Laboratório Genética do IC amostras de fragmentos de ossos e dentes para o exame de DNA. Após a extração do perfil genético desse material, a perita criminal realizou o confronto genético com o material biológico da mãe de Roberta, a senhora Mônica Costa.
Para realizar os exames, o IML de Arapiraca enviou para o Laboratório de Genética Forense o crânio e 06 (seis) elementos dentários da arcada superior pertencentes a ele, encontrados no dia 18 de abril. Também foram analisados um fragmento do fêmur e 04 (quatro) elementos dentários da arcada inferior pertencentes à ossada encontrada no dia 21 de abril.
Marina Mazanek, perita criminal responsável pelo exame, esclareceu que a ossada foi encontrada enterrada em estado avançado de deterioração, degradação e alteração óssea, devido ao espaço de tempo, e às intempéries climáticas a que ela foi submetida. Que essas condições do material ósseo e dentário dificultaram o trabalho de extração do DNA para a devida identificação.
A perita explicou ainda que os exames de DNA precisam inicialmente comprovar se o crânio encontrado no dia 18 de abril pertencia a ossada encontrada posteriormente no dia 21, ou seja, se eram da mesma pessoa. Paralelamente a essa análise, ela realizou o exame de comparação genética entre a ossada e o DNA da senhora Mônica Costa para confirmar a maternidade.
Após as análises, a perita descreveu no laudo que é possível concluir que é de 99,9999999% a chance das amostras de DNA dos dentes da arcada superior serem de uma filha biológica da senhora Mônica Reis. Os exames também concluíram que os dentes da arcada inferior, fêmur e osso do crânio pertencem ao mesmo indivíduo da amostra.
“Devido as amostras estarem bastante deterioradas, precisei realizar várias tentativas de extração do material genético, inclusive usando técnicas diferentes até conseguir o perfil genético desses fragmentos. A partir do sucesso na extração do DNA dos fragmentos foi possível confrontar com o perfil genético da senhora Mônica Costa, mãe da jovem Roberta Dias. O resultado final do exame foi positivo”, explicou a perita.
O caso
Roberta Costa Dias estava desaparecida desde abril de 2012, quando tinha 18 anos. Uma testemunha do rapto da jovem, inclusive, foi morta meses após o crime. A suspeita é a de que Roberta tenha sido assassinada após se recusar a interromper a gravidez de três meses.
Em 2013, três pessoas foram presas preventivamente: a mãe do então namorado de Roberta Dias e dois policiais civis. Os policiais investigados foram Gledson Oliveira da Silva, 33, e Carlos Bráulio Idalino, 38. Já a mulher apontada como avó da criança, Mary Jane Araújo dos Santos, chegou a ser apontada como a mandante do crime, que teria custado R$ 30 mil.
A mãe de Roberta, por sua vez, segue a cobrar a conclusão do inquérito. Para Mônica Dias, não haveria justificativa para o fato de os suspeitos continuarem em liberdade.
