Polícia

Júri sobre o homicídio de italiano em Maceió é iniciado no Barro Duro

Defesa sustenta que vítima se dizia ‘bruxo’ e violentava sexulmente a ré; seis testemunhas devem ser ouvidas

Por Dicom TJAL 15/12/2021 13h01
Júri sobre o homicídio de italiano em Maceió é iniciado no Barro Duro
Juiz Filipe Munguba questiona testemunha durante o júri no Fórum da Capital. - Foto: Reprodução

A 7ª Vara Criminal de Maceió deu início, na manhã desta quarta-feira (15), ao júri da ré Cléa Fernanda Máximo da Silva, acusada de matar o marido, o italiano Carlo Ciccheli. O juiz Filipe Ferreira Munguba conduz a sessão, no Fórum da Capital. Seis testemunhas devem ser ouvidas, e a previsão é que a sentença saia até o final do dia.

O magistrado explicou que, a princípio, o julgamento poderia ser mais extenso, já que foram arroladas 12 testemunhas, mas as partes concordaram em dispensar as testemunhas que não compareceram.

“Eu conversei previamente com a acusação e a defesa, eles vão conseguir manter a sessão do júri hoje independentemente da oitiva delas. Por isso que acho que ganharemos tempo e conseguiremos acabar na data de hoje”, disse Munguba.

O Ministério Público pedirá ao júri a condenação por homicídio duplamente qualificado e crime de ocultação de cadáver. O promotor Dênis Guimarães reafirmou que a motivação do crime teria sido financeira.

“Essa versão foi inclusive reconhecida pela própria ré, ela confessou no primeiro momento. [Posteriormente], se colocou que o crime teria sido ocorrido por conta do ritual de magia negra, em que a vítima teria pedido para que esse crime ocorresse, em segundo momento colocou ele vinculado ao crime de tráfico de drogas. Essas versões todas que surgiram ao longo do processo são da defesa”, argumentou Guimarães.

“Não existe dúvida nenhuma que ela cometeu esse crime motivada pela ganância financeira”, prosseguiu o promotor. “Após o cometimento desse crime com brutalidade, ainda ocultou o cadáver durante 40 dias dentro da própria residência”.

A advogada de defesa, Júlia Nunes, afirma que a defesa não apresentou versões divergentes, mas sim uma série de fatores que levaram ao assassinato. Ela elenca violências que teriam sido praticadas pelo marido contra a ré.

“A gente vai trazer a realidade através de provas e testemunhas que ela foi brutalmente vítima de violência durante muitos anos. Foi obrigada a fazer aborto, foi vítima de violência sexual, foi estuprada não uma ou duas vezes, mas ínumeras vezes”, disse a advogada.

Júlia Nunes sustentou ainda que Cléa sofria violência psicológica. “Existe a questão de que ele se dizia como bruxo, o que violentava bastante o psicológico dessa mulher que se sentia amedrontada a ponto dele poder saber até o que ela pensava. A gente trabalha para que no mínimo a pena seja justa, e a pena justa não é colocando a Cléa como uma mulher fria, calculista”.