Polícia
Vítima de racismo em manifestação bolsonarista presta B.O: "Não poderia deixar passar"
Efrânia Santos diz que crime aconteceu após discussão pelo trânsito causado pelos manifestantes; ela foi xingada de “filhote de urubu” quando ia para o trabalho
Efrânia Santos saiu de casa na última quinta-feira (3), por volta das 12h, na Cidade Universitária, bairro periférico na parte alta de Maceió para trabalhar. Seu ônibus atravessou a manifestação bolsonarista que pede a anulação das eleições e se concentrava em frente ao Quartel do Exército.
Ali, iniciou-se uma discussão entre os passageiros e os manifestantes. Efrânia, mulher negra de 30 anos que ocupava um lugar na janela no fundo do ônibus, foi chamada de vagabunda e maconheira. Ela prestou um Boletim de Ocorrência ao ver a notícia do Jornal de Alagoas em que uma manifestante a chama de “filhote de urubu”.
“Eu fui xingada por vários nomes no local por me revoltar com o trânsito causado por eles. Houve discussão e até bandeira e buzina na cara levei. Um dia após eu fiquei sabendo de uma publicação racista feita por uma das manifestantes me chamando de filhote de urubu. Prontamente fiz o boletim de ocorrência mesmo sem saber quem seria a autora do crime".
Ela relata se sentir amedrontada. “Não sei de quem se trata, não sei como proceder diante do caso”. “Fui uma das poucas pessoas a bater de frente com eles. Eu queria ir trabalhar. Uns meninos colocaram a música do ‘Jair embora’ e eles vieram pra cima, me chamando de vagabunda, maconheira. Eu estava revoltada porque ia me atrasar pro trabalho”, completa.
Essa não foi a primeira vez que Efrânia foi vítima de racismo. Porém, segundo ela, essa foi a primeira vez que foi registrado e tem como provar. “É uma vergonha que pessoas assim saem impune cometendo racismo. Não poderia deixar passar”, finaliza.
CASO
Internautas denunciaram ao Jornal de Alagoas um suposto caso de racismo cometido durante a manifestação bolsonarista que acontece há quatro dias na Avenida Fernandes Lima, no bairro do Farol, em Maceió.
Manifestantes discutiram com passageiros de um ônibus que estava na manifestação. Uma mulher postou em seu Instagram um vídeo com os dizeres “filhote de urubu é assim né”. A postagem foi apagada minutos depois de o Jornal de Alagoas questionar a autora da postagem sobre a denúncia.
A delegacia de vulneráveis da capital foi procurada para saber se algum Boletim de Ocorrência foi aberto sobre esse caso, mas ainda não obtivemos resposta.