Polícia

Acidente pode ter sido a causa de tragédia em Canapi; crianças morreram abraçadas

Um inquérito foi instaurado nesta segunda-feira (15), e o delegado Daniel Mayer, titular do 30º Distrito Policial de Canapi (30ºDP), deu detalhes sobre as investigações das 4 crianças mortas no incêndio na cidade

Por Redação* 15/05/2023 17h05 - Atualizado em 15/05/2023 18h06
Acidente pode ter sido a causa de tragédia em Canapi; crianças morreram abraçadas
Quatro crianças morreram carbonizadas no município de Canapi, Sertão alagoano - Foto: Reprodução

A Polícia Civil de Alagoas (PC-AL) segue investigando a tragédia que vitimou quatro crianças em um incêndio na cidade de Canapi, Sertão de Alagoas, neste último domingo (14), Dia das Mães.  

Um inquérito foi instaurado nesta segunda-feira (15), e o Delegado Daniel Mayer, titular do 30º Distrito Policial de Canapi (30ºDP), está conduzindo as investigações. Para ele, o acontecimento, foi um acidente de fato. 

"O incêndio ocorreu no início da madrugada. Um menino de 9 anos e três garotinhas de 7, 6 e 4 anos de idade perderam a vida depois que supostamente um ventilador entrou em curto circuito e espalhou chamas nas portas, nos colchões e no armário do quarto onde elas estavam dormindo. O responsável pela casa acordou já com o fogo alastrado e conseguiu escapar com vida, mas verificou que as crianças em tese já estariam desfalecidas. [...] De antemão, já adiantamos que, conforme levantamento realizado pela PC, tudo faz crer que realmente foi uma tragédia, um acidente de proporções imensuráveis em que não só crianças perderam a vida, foi muito maior, uma cidade foi atingida pela morte trágica dessas crianças. E duas famílias foram destruídas, destroçadas. A Polícia Civil manifesta extremo pesar pela vida das quatro crianças e pelos habitantes da cidade", disse o delegado, Mayer, em vídeo disponibilizado pela Polícia Civil de Alagoas (PC-AL).

Relatos da Polícia Científica do Estado de Alagoas

“Os corpos estavam posicionados no canto oposto à porta do quarto. Uma das vítimas, um menino, estava abraçado com duas das meninas, como se tivesse tentando protegê-las das chamas. A quarta vítima, também do sexo feminino, estava caída ao lado dele, demonstrando que ele ainda tentou salvá-la. Apesar da iniciativa heroica do garoto, todos acabaram morrendo por asfixia e por carbonização”, relatou o perito criminal Clisney Omena.

O perito também explicou que após os levantamentos no local do incêndio, a principal linha de investigação da dinâmica do incidente é que a deflagração das chamas tenha iniciado, conforme relatado por testemunhas, após um curto-circuito em um ventilador. Mas, para confirmar essa hipótese, ele ainda irá analisar o local exato onde ocorreu o sítio de eclosão do fogo no interior do imóvel. 

Ele ainda esclareceu que a porta do quarto estava fechada, mas não trancada. Como o ventilador estava posicionado na entrada do dormitório, as labaredas rapidamente alastraram-se, devido aos itens de fácil combustão existentes no cômodo, como colchões e tecidos. As chamas e a fumaça impediram as crianças de conseguirem sair a tempo de se salvarem e elas acabaram ficando encurraladas no canto do aposento. 

O perito detalhou também que apesar de a ação do fogo ficar concentrada no quarto onde as crianças estavam, havia muita fuligem nos outros cômodos da residência. Essas informações e outros vestígios encontrados e coletados no local serão analisados pelo perito para chegar à conclusão da dinâmica e à produção do laudo pericial que será encaminhado para a Polícia Civil.

Crianças serão identificadas por meio de DNA

Devido ao estado dos corpos, o processo de identificação dos corpos das crianças será por meio do exame de DNA Forense. A informação é do Instituto Médico Legal de Arapiraca. As crianças foram identificadas como Davy, Ludmila, Ayla e Ariela. 

De acordo com o perito médico legista Silvio Nunes, chefe especial do IML de Arapiraca, os exames de necropapiloscopia e de odontolegal ficaram prejudicados e inviabilizados neste caso. Por esse motivo, o órgão precisou adotar as medidas necessárias para a realização do exame de DNA. 

“Coletamos amostras biológicas dos corpos das crianças, e conversamos com os pais sobre a necessidade do exame para liberação dos cadáveres. Mas, como eles estavam muito abalados com a tragédia, ficaram de retornar ao IML de Arapiraca nesta terça-feira para fornecer material genético para o confronto do DNA”, destacou o doutor Silvio Nunes. 

As amostras biológicas dos cadáveres das quatro crianças e dos genitores serão encaminhadas para o Laboratório de Genética Forense do Instituto de Criminalística que será responsável pelo exame de DNA. Enquanto aguardam os resultados das análises laboratoriais, os corpos ficaram conservados no IML.

A cidade está chocada com a tragédia e não é para menos, com isso, a Prefeitura de Canapi decretou luto de três dias pela morte das quatro crianças. 

O caso

Um incêndio que supostamente teria começado com um ventilador, resultou na morte de quatro crianças na madrugada deste último domingo, Dia das Mães, 14, no Centro da cidade de Canapi, no Sertão de Alagoas

De acordo com testemunhas, duas crianças eram filhas do dono da casa e as outras duas, do pastor que havia viajado e deixado as crianças aos cuidados dos donos da casa, que também são da mesma igreja. 

Ainda conforme informações, as quatro crianças estavam em um quarto e porta estava trancada. As chamas iniciaram no ventilador, atingiram o colchão e rapidamente se espalharam pelo quarto. 

O proprietário da casa, pai de duas crianças, chegou a arrombar a porta do quarto para realizar o socorro das vítimas, mas todas as crianças já estavam em óbito. Elas morreram abraçadas. 

Devido a velocidade que as chamas se espalharam, não deu tempo de acionar o Corpo de Bombeiros. A casa foi isolada e aguarda a chegada da Perícia Oficial e do Instituto Médico Legal (IML).

Com informações de agências