Polícia
Acidente pode ter sido a causa de tragédia em Canapi; crianças morreram abraçadas
Um inquérito foi instaurado nesta segunda-feira (15), e o delegado Daniel Mayer, titular do 30º Distrito Policial de Canapi (30ºDP), deu detalhes sobre as investigações das 4 crianças mortas no incêndio na cidade
A Polícia Civil de Alagoas (PC-AL) segue investigando a tragédia que vitimou quatro crianças em um incêndio na cidade de Canapi, Sertão de Alagoas, neste último domingo (14), Dia das Mães.
Um inquérito foi instaurado nesta segunda-feira (15), e o Delegado Daniel Mayer, titular do 30º Distrito Policial de Canapi (30ºDP), está conduzindo as investigações. Para ele, o acontecimento, foi um acidente de fato.
"O incêndio ocorreu no início da madrugada. Um menino de 9 anos e três garotinhas de 7, 6 e 4 anos de idade perderam a vida depois que supostamente um ventilador entrou em curto circuito e espalhou chamas nas portas, nos colchões e no armário do quarto onde elas estavam dormindo. O responsável pela casa acordou já com o fogo alastrado e conseguiu escapar com vida, mas verificou que as crianças em tese já estariam desfalecidas. [...] De antemão, já adiantamos que, conforme levantamento realizado pela PC, tudo faz crer que realmente foi uma tragédia, um acidente de proporções imensuráveis em que não só crianças perderam a vida, foi muito maior, uma cidade foi atingida pela morte trágica dessas crianças. E duas famílias foram destruídas, destroçadas. A Polícia Civil manifesta extremo pesar pela vida das quatro crianças e pelos habitantes da cidade", disse o delegado, Mayer, em vídeo disponibilizado pela Polícia Civil de Alagoas (PC-AL).
Relatos da Polícia Científica do Estado de Alagoas
“Os corpos estavam posicionados no canto oposto à porta do quarto. Uma das vítimas, um menino, estava abraçado com duas das meninas, como se tivesse tentando protegê-las das chamas. A quarta vítima, também do sexo feminino, estava caída ao lado dele, demonstrando que ele ainda tentou salvá-la. Apesar da iniciativa heroica do garoto, todos acabaram morrendo por asfixia e por carbonização”, relatou o perito criminal Clisney Omena.
O perito também explicou que após os levantamentos no local do incêndio, a principal linha de investigação da dinâmica do incidente é que a deflagração das chamas tenha iniciado, conforme relatado por testemunhas, após um curto-circuito em um ventilador. Mas, para confirmar essa hipótese, ele ainda irá analisar o local exato onde ocorreu o sítio de eclosão do fogo no interior do imóvel.
Ele ainda esclareceu que a porta do quarto estava fechada, mas não trancada. Como o ventilador estava posicionado na entrada do dormitório, as labaredas rapidamente alastraram-se, devido aos itens de fácil combustão existentes no cômodo, como colchões e tecidos. As chamas e a fumaça impediram as crianças de conseguirem sair a tempo de se salvarem e elas acabaram ficando encurraladas no canto do aposento.
O perito detalhou também que apesar de a ação do fogo ficar concentrada no quarto onde as crianças estavam, havia muita fuligem nos outros cômodos da residência. Essas informações e outros vestígios encontrados e coletados no local serão analisados pelo perito para chegar à conclusão da dinâmica e à produção do laudo pericial que será encaminhado para a Polícia Civil.
Crianças serão identificadas por meio de DNA
Devido ao estado dos corpos, o processo de identificação dos corpos das crianças será por meio do exame de DNA Forense. A informação é do Instituto Médico Legal de Arapiraca. As crianças foram identificadas como Davy, Ludmila, Ayla e Ariela.
De acordo com o perito médico legista Silvio Nunes, chefe especial do IML de Arapiraca, os exames de necropapiloscopia e de odontolegal ficaram prejudicados e inviabilizados neste caso. Por esse motivo, o órgão precisou adotar as medidas necessárias para a realização do exame de DNA.
“Coletamos amostras biológicas dos corpos das crianças, e conversamos com os pais sobre a necessidade do exame para liberação dos cadáveres. Mas, como eles estavam muito abalados com a tragédia, ficaram de retornar ao IML de Arapiraca nesta terça-feira para fornecer material genético para o confronto do DNA”, destacou o doutor Silvio Nunes.
As amostras biológicas dos cadáveres das quatro crianças e dos genitores serão encaminhadas para o Laboratório de Genética Forense do Instituto de Criminalística que será responsável pelo exame de DNA. Enquanto aguardam os resultados das análises laboratoriais, os corpos ficaram conservados no IML.
A cidade está chocada com a tragédia e não é para menos, com isso, a Prefeitura de Canapi decretou luto de três dias pela morte das quatro crianças.
De acordo com testemunhas, duas crianças eram filhas do dono da casa e as outras duas, do pastor que havia viajado e deixado as crianças aos cuidados dos donos da casa, que também são da mesma igreja.
Ainda conforme informações, as quatro crianças estavam em um quarto e porta estava trancada. As chamas iniciaram no ventilador, atingiram o colchão e rapidamente se espalharam pelo quarto.
O proprietário da casa, pai de duas crianças, chegou a arrombar a porta do quarto para realizar o socorro das vítimas, mas todas as crianças já estavam em óbito. Elas morreram abraçadas.
Devido a velocidade que as chamas se espalharam, não deu tempo de acionar o Corpo de Bombeiros. A casa foi isolada e aguarda a chegada da Perícia Oficial e do Instituto Médico Legal (IML).
Com informações de agências