Polícia

Durante 5 meses, quase 90 pessoas foram internadas no HGE de AL com queimaduras

Do total de pessoas assistidas de janeiro a maio, 86 precisaram ser internadas, sendo 36 por escaldadura e 15 por álcool líquido; cirurgião faz alerta

Por Redação com ascom HGE 05/06/2023 19h07
Durante 5 meses, quase 90 pessoas foram internadas no HGE de AL com queimaduras
Criança sofreu escaldadura e foi assistido pela equipe do CTQ, e já voltou para casa - Foto: O neto de Sandra sofreu escaldadura, foi assistido pela equipe do CTQ e já voltou para casa Thallysson Alves / Ascom HGE

De janeiro a maio deste ano, o Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, registrou o atendimento a 140 pacientes vítimas de queimaduras, contra 56 ocorrências no mesmo período do ano passado. Diante deste aumento de 60% nas ocorrências e, em razão do Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, que ocorre nesta segunda-feira (5), o cirurgião plástico Fernando Gomes, que atua na unidade hospitalar, alerta sobre as medidas a serem adotadas para evitar acidentes desta natureza, que além de deixar sequelas, podem levar à morte.

As orientações do especialista, que atende pacientes do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HGE, devem ser levadas em consideração durante todo o ano, mas, principalmente, ao longo deste mês. Isso porque, durante junho ocorrem as festas juninas, onde tradicionalmente os fatores de risco aumentam, seja em razão das tradicionais fogueiras em homenagem a Santo Antônio, São João e São Pedro, ou por conta dos fogos de artifício.

“A escaldadura continua sendo muito frequente e maioria dos casos de pacientes acometidos por queimaduras têm histórico relacionado a acidentes durante o cozimento dos alimentos. Desse modo, com a chegada dos festejos juninos, pedimos às pessoas que redobrem os cuidados e ponham os cabos das panelas virados para dentro do fogão. Também é importante afastar as crianças da cozinha e de outros locais destinados ao preparo dos alimentos”, recomenda o cirurgião plástico Fernando Gomes.

O médico ressalta sobre os cuidados a serem adotados na hora de acender as fogueiras, evitando utilizar álcool, que pode causar explosões. Segundo ele, é recomendável começar o fogo pela base, utilizando algodão ou um pedaço de papel embevecido com óleo de cozinha; nunca, em hipótese alguma, em álcool. Também é importante evitar brincar perto da fogueira acesa, principalmente no caso de crianças, idosos ou de pessoas que estejam fazendo uso de bebidas alcoólicas, já que os reflexos diminuem.

No caso dos fogos de artifício, é necessário atentar para o regulamento referente à utilização, que está descrito nas embalagens, além de verificar a indicação indicativa para cada faixa etária. "Quanto às crianças, entretanto, é recomendado não permitir que elas estejam próximas a quem irá manipular os fogos de artifício, e evitar que elas o façam. Essa recomendação se estende, inclusive, para as chuvinhas e até os estalinhos, já que eles também oferecem riscos, uma vez que podem estourar no bolso e causar queimaduras", pontua o especialista.

Dor e Sofrimento


Sandra do Nascimento, de 58 anos, acompanhou seu neto, D. E. M. A., de 4 anos, na Enfermaria Pediátrica do CTQ do HGE. Ela lembra que o susto foi grande, quando, de repente, ouviu uma zoada na cozinha e os gritos. Foi o garoto batendo com o skate no fogão e toda a água que fervia caindo por cima de seu tórax. O resultado foram queimaduras de primeiro e segundo grau e o início do internamento no último dia 18 de maio.


“Quando vimos o que aconteceu, o levantei ligeiro e levei para o chuveiro. Deixei ele debaixo da água fria, mesmo ele chorando muito. Depois chamei o pai dele, que foi buscar a gente e trouxe aqui para o HGE. Não pensamos em outro lugar, sabíamos que aqui era a melhor unidade para tratá-lo. Ele entrou rapidinho, foi logo examinado, medicado e internado. Agora está bem melhor”, disse a avó da criança, antes do menor receber alta médica.

Dados Epidemiológicos


No ano passado, 278 atendimentos a pessoas feridas por queimaduras foram registrados no HGE. Em 2023, de janeiro a maio, a unidade, que é a única em Alagoas a contar com um Centro Especializado de Queimados, notificou 140 casos. A maioria eram homens, de 40 a 49 anos, residentes em Maceió; neste mesmo período, em 2022, os indicadores somaram 56 ocorrências pelo mesmo motivo.

Segundo o senso do CTQ, nos cinco primeiros meses deste ano, do total de pacientes assistidos, 86 precisaram de internamento. Deste total, 36 sofreram queimaduras em razão de líquidos superaquecidos, 16 por chama direta, 15 por álcool líquido, nove por eletricidade e 10 por outros motivos.

O que fazer ao sofrer queimaduras?


Na maioria das queimaduras, o passo mais importante é resfriar rapidamente a pele para que as camadas mais profundas não continuem sendo lesionadas. Não é indicado usar pó de café, manteiga, pasta de dente, ou qualquer outra substância sem a orientação do médico. Isso pode causar mais irritação, aumentar o risco de infecção e dificultar o processo de cicatrização.

“Quando a queimadura parece ser extensa ou mais grave, é importante que o indivíduo seja levado imediatamente a uma unidade de emergência, como as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e o HGE. Essa atitude ajuda a evitar complicações graves, como destruição de nervos ou músculos, e contribui com a diminuição de sequelas, como as cicatrizes e incapacitações”, enfatiza Fernando Gomes.

O Serviço


O HGE é referência no atendimento a feridos por queimaduras de Média e Alta Complexidade. Ele possui o CTQ, composto por 16 leitos, sendo cinco infantis, quatro destinados a mulheres, seis a homens e um para precaução de contato. Ainda contém uma sala de balneoterapia, uma de curativo, uma para procedimentos cirúrgicos, um posto de enfermagem, uma farmácia satélite e um ambulatório.

“No ambulatório, o nosso paciente encaminhado para recuperação em casa volta para ser reavaliado, conforme a orientação dada durante a alta médica. A sua evolução pode ser observada pelo médico clínico, pelo cirurgião plástico, pelo fisioterapeuta, pela equipe de enfermagem, por todos que estão envolvidos no processo. É um esforço multiprofissional para o nosso paciente, mesmo não estando mais internado”, pontua a enfermeira Verônica Costa.

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