Polícia

Ex-diretor da PRF de Bolsonaro é preso em investigação sobre interferência nas eleições de 2022

Em 30 de outubro de 2022, foram feitas denúncias de vários eleitores de estados do Nordeste que afirmavam ter dificuldade em chegar aos locais de votação

Por Redação* 09/08/2023 08h08 - Atualizado em 09/08/2023 11h11
Ex-diretor da PRF de Bolsonaro é preso em investigação sobre interferência nas eleições de 2022
Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF - Foto: Divulgação

Foi preso pela Polícia Federal (PF), Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na manhã desta quarta-feira (9), em Florianópolis, Santa Catarina. A prisão se deve pela suposta interferência de Vasques no segundo turno das eleições de 2022.

A ação ocorreu no âmbito da Operação Constituição Cidadã, que cumpre 10 mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte. O ex-diretor-geral da PRF comandava a corporação na época do segundo turno das eleições de 2022 .

Em 30 de outubro de 2022, foram feitas denúncias de vários eleitores de estados do Nordeste que afirmavam ter dificuldade em chegar aos locais de votação devido as operações e blitze da PRF que imobilizavam o trânsito. Na época, Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pediu explicações a Silvinei Vasques.

Vasques está sendo levado à Brasília. A operação também contou com o apoio da Corregedoria-Geral da PRF, que determinou também a oitiva de 47 policiais rodoviários federais. Os mandados foram expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Crimes


Segundo a PF, os fatos investigados na operação “configuram, em tese, os crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal Brasileiro, e os crimes de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio e ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato, do Código Eleitoral Brasileiro”.

Um dos mandados é contra o ex-corregedor-geral da PRF, Wendel Matos, responsável pela arquivação das denúncias de Blitze. À época, a PRF chegou a fazer uma investigação interna sobre a atuação, mas o então corregedor-geral determinou o arquivamento parcial da apuração.

O ex-diretor de Inteligência de Silvinei também é um dos alvos.

Depoente na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro no último dia 20 de junho, Silvinei se defendeu das acusações de interferência na disputa presidencial e negou qualquer irregularidade nas blitze realizadas pela PRF. Ele ainda admitiu ser alvo de processo por improbidade administrativa no Rio de Janeiro.

Em julho, a CPMI aprovou a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Silvinei Vasques.

Suposta interferência no dia das eleições


Durante a realização do segundo turno das eleições, em 30 de outubro, a PRF realizou mais de 500 operações no transporte de eleitores em diversas estradas do país. As ações foram suspensas após pedido da Justiça Eleitoral.

No mesmo dia, o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, disse que as operações não impediram eleitores de chegarem aos seus locais de votação. Apesar disso, pessoas relataram dificuldade em chegar aos locais de votação.

Segundo a PF, o objetivo da operação desta quarta-feira é esclarecer o suposto uso da máquina pública para interferir no processo eleitoral. De acordo com as investigações, integrantes da Polícia Rodoviária Federal teriam “direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro de 2022”.

“Os crimes apurados teriam sido planejados desde o início de outubro daquele ano, sendo que, no dia do segundo turno, foi realizado patrulhamento ostensivo e direcionado à região Nordeste do país”, acrescenta a Polícia Federal.

*Com CNN Brasil