Polícia

Relatório da PF revela troca de mensagens entre delegado e um dos suspeitos da morte de Kleber Malaquias

Delegado foi preso na manhã desta quarta-feira (18), acusado de manipular investigações relacionadas à morte do empresário

Por Redação* 19/09/2024 14h02
Relatório da PF revela troca de mensagens entre delegado e um dos suspeitos da morte de Kleber Malaquias
Delegado Daniel Mayer à esquerda e "Matos" à direita - Foto: Reprodução

O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) revelou detalhes da denúncia, que culminou em um mandado de prisão preventiva contra o delegado Daniel Mayer, preso na manhã desta quarta-feira (18), acusado de manipular investigações relacionadas à morte do empresário Kleber Malaquias, do qual era responsável.

Mayer, que atua na Diretoria da Polícia Judiciária da 1ª Região em Maceió, é agora réu em uma ação penal que envolve acusações como fraude processual, abuso de autoridade e violação de sigilo funcional. De acordo com a 3ª Promotoria de Justiça de Rio Largo, os promotores Lídia Malta e Kleber Valadares, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), apresentaram evidências de que o delegado teria forjado provas e agido em conluio com outros envolvidos para distorcer os fatos.

O MPAL destacou que conversas interceptadas judicialmente expuseram Mayer, cujo objetivo teria sido incriminar falsamente um policial militar já falecido, Alessandro Fábio da Silva, que foi assassinado pela própria esposa. Essa manobra, segundo os promotores, visava proteger os verdadeiros responsáveis pelo crime.

Troca de mensagens

Os registros iniciais, obtidos pela Polícia Federal, por meio de conversas no WhatsApp, revelam uma relação próxima entre o delegado Daniel Mayer e o policial civil Matos. Nos diálogos, Matos avisa Mayer sobre a troca de seu número de telefone e se coloca "às ordens", solicitando o contato de outro delegado. Em resposta, Mayer compartilha uma foto de um pernil assado que teria recebido de Matos, seguido de um áudio descontraído: "Matos, meu amigo, beleza? Olha o pernilzão aí que foi assado. Show de bola, meu amigo!" A troca de mensagens ocorreu entre os dias 1 e 2 de julho deste ano, com o delegado também expressando satisfação ao receber o contato do outro colega.

Uma semana depois, o tom amistoso se mantém quando Matos convida Mayer para um almoço, e o delegado prontamente aceita. No dia seguinte, 10 de julho, Mayer envia ao policial duas imagens de documentos relacionados ao caso de Kleber Malaquias. Em resposta, Matos demonstra disponibilidade ao mencionar que pode "conseguir pernil de carneiro". No dia 16 de julho, Mayer volta a contatar Matos, perguntando: "Amigo, tudo bem? Quando puder, dê um toque. TMJ (estamos juntos)."

Veja os prints abaixo:




A Polícia Federal destacou ainda que dois depoimentos obtidos pelo delegado Daniel Mayer foram coletados sem o conhecimento do Ministério Público, da Justiça ou mesmo da própria PF. O primeiro depoimento foi registrado em 29 de maio, e o segundo, em 5 de junho. Segundo a investigação, Mayer não informou as instituições envolvidas sobre esses depoimentos até aquele momento, mas fez questão de comunicar imediatamente a Matos, que é acusado de participação no crime que vitimou Kleber Malaquias.

Além disso, o relatório da PF observou que Matos já era considerado um possível suspeito no caso, levantando dúvidas sobre como Mayer, na condição de presidente do inquérito, não teria conhecimento do envolvimento do policial.

*Com informações do TNH1