Polícia
Caso Jonas: Policial nega assassinato e diz que 'simulou' prisão para proteger ajudante de pedreiro
Em julgamento, soldado afirma que ajudante de pedreiro colaboraria com informações sobre o tráfico, mas promotoria aponta contradições
O julgamento dos cinco policiais militares acusados pelo sequestro e assassinato do ajudante de pedreiro Jonas Seixas, ocorrido em 2020, teve início nesta quarta-feira (13) em Maceió. A sessão vai analisar a atuação dos agentes no dia do crime e pode se estender até a madrugada, dependendo dos debates entre acusação e defesa.
O primeiro depoente, soldado Felipe, apresentou uma versão em que negou participação no homicídio e alegou que a equipe estava em patrulhamento contra o tráfico de drogas na Grota do Cigano, uma área conhecida pela presença de facções criminosas. Segundo ele, a guarnição teria abordado Jonas em um beco onde ocorreria a comercialização de entorpecentes. O soldado afirmou que Jonas foi colocado na viatura para simular uma prisão e evitar que traficantes o identificassem como colaborador da polícia. Ainda segundo Felipe, Jonas estava disposto a fornecer informações sobre lideranças do tráfico.
Ao ser questionado pelo promotor Vilas Boas, o soldado confirmou que, na tarde do crime, foi ao Batalhão de Policiamento de Eventos (BPE) para substituir as baterias dos radiocomunicadores, que estavam prestes a descarregar. Ele relatou que, em certas regiões, há dificuldade de sinal para os HTs, justificando a necessidade da troca. Ao ser perguntado sobre o trajeto percorrido, afirmou que o local onde a viatura foi vista, atrás de um motel, é uma área residencial e não uma mata, como indicado pela acusação.
A acusação sustenta que Jonas Seixas, que já havia sido detido anteriormente por envolvimento com o tráfico e supostamente era líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) na região, foi morto pelos policiais depois de ser retirado de sua residência. A Promotoria busca esclarecer por que os HTs estariam desligados em determinado momento do patrulhamento, levantando suspeitas sobre o desaparecimento de Jonas.
Com previsão de depoimentos de todos os cinco réus, o julgamento avança para o segundo depoimento. A defesa e a acusação terão duas horas e meia cada para suas argumentações, além de uma réplica. O juiz do caso busca concluir os trabalhos ainda nesta noite, mas a possibilidade de continuidade para o dia seguinte não é descartada, especialmente porque os jurados estão preparados para permanecer em um hotel, caso necessário.
*Com ascom MP