O acidente envolvendo um ônibus que despencou de uma ribanceira na Serra da Barriga, em União dos Palmares, deixou diversos mortos e trouxe à tona relatos que indicam possíveis falhas na segurança do transporte. Luciano de Queiroz Araújo, motorista do veículo, havia informado à esposa, antes do acidente, que o ônibus apresentava vazamento, tornando-o inadequado para circulação. 

Em entrevista à TV Pajuçara, a esposa de Luciano incluiu detalhes das últimas conversas com o marido. Segundo ela, o motorista expressou preocupação com o estado do veículo, mas ressaltou a necessidade de trabalhar. “Ele falou para mim que aquele ônibus não deveria subir. Eu disse para ele não ir, mas ele respondeu: 'É meu trabalho, preciso colocar o pão de cada dia em casa'. E onde chegou a vida dele? Nesse caixão”, declarou. 

O motorista, conhecido como “Mão Cheia”, era reconhecido na comunidade pelo carisma e pela dedicação à família. “Era um bom esposo, um bom pai. Todo mundo gosta dele. Não tenho nada a reclamação, só levo as lembranças”, afirmou a esposa, que também comentou sobre as condições precárias do veículo. 

De acordo com o relato, o ônibus terceirizado pela prefeitura frequentemente apresentava problemas mecânicos e passava por reparos improvisados. “Sempre quebrava. Mangueira quebrada, o ônibus estava constantemente na oficina”, contou a viúva, reforçando as hipóteses de negligência na manutenção. 

A Prefeitura de União dos Palmares, em nota, afirmou que o veículo estava com todas as vistorias em dia e havia passado por inspeção recente.