Polícia
Mistério e dor na Serra da Barriga: falha mecânica em ônibus pode ter causado tragédia
Sobreviventes relataram em seus depoimentos problemas no veículo antes do acidente
Um passeio cultural se transformou em tragédia no último domingo (24), quando um ônibus escolar despencou da Serra da Barriga, em União dos Palmares, Alagoas. O acidente deixou 18 mortos e 30 feridos entre as 48 pessoas a bordo, incluindo crianças, idosos e professores que seguiam para o Memorial Quilombo dos Palmares, onde aconteceria o evento “Pôr do Sol na Serra”.
Investigações em andamento
A Polícia Civil investiga as causas do acidente, que, segundo testemunhas, envolveu uma falha mecânica no veículo. Relatos apontam que o motorista desligou o ônibus ao perceber o problema, mas o veículo perdeu o controle, desceu de ré e despencou em um trecho íngreme da serra. Sobreviventes afirmaram ter ouvido o barulho de rompimento de uma mangueira momentos antes da tragédia.
De acordo com a viúva do motorista, Luciano de Queiroz Araújo, de 47 anos, ele havia relatado problemas nos freios no dia do acidente. “Ele me disse que o ônibus estava com problemas em uma borracha que afetava o freio”, revelou Maria das Graças. Ela afirmou ter tentado convencê-lo a não trabalhar naquele dia, mas ele insistiu por conta da necessidade de sustentar a família.
Perfil das vítimas
Entre os mortos estão uma criança de 5 anos, uma professora de 54 anos, um vendedor de 24 anos e uma idosa de 84 anos. Muitos feridos foram levados a hospitais em União dos Palmares e Maceió, mas algumas vítimas não resistiram. Treze corpos já foram sepultados até esta semana, enquanto outras famílias ainda aguardam respostas sobre a tragédia.
Condições do veículo e responsabilidades
O ônibus escolar utilizado no transporte era terceirizado e cedido pela Prefeitura de União dos Palmares. Em nota, a administração municipal afirmou que o veículo estava com as vistorias em dia, conforme documentação apresentada. No entanto, a perícia busca confirmar a existência de falhas mecânicas e se o veículo estava apto para enfrentar o trajeto desafiador da Serra da Barriga.
A polícia também investigará se houve negligência do proprietário do ônibus ou da administração pública no caso. “O foco agora é entender a dinâmica do acidente e de quem é a responsabilidade por ele”, afirmou o delegado Guilherme Iusten, responsável pela apuração.
Relatos de sobreviventes
Momentos de pânico marcaram a tragédia. Um sobrevivente contou que o motorista tentou subir um trecho da serra, mas, ao perceber o problema, pediu para que os veículos atrás ultrapassassem. Logo após, ouviu-se um barulho de rompimento, e o ônibus perdeu o controle.
Histórias como a de Josefa Marcelino, de 43 anos, que morreu no acidente, evidenciam o impacto devastador. Josefa estava acompanhada de dois filhos, um neto e uma irmã. O filho que não participou do passeio relatou que as crianças feridas descobriram sobre a morte da mãe ao receber alta no hospital.
Próximos passos
Nas próximas semanas, serão ouvidos sobreviventes, testemunhas e o proprietário do veículo. Além disso, a análise pericial no ônibus será crucial para determinar se a falha mecânica foi o único fator envolvido no acidente.
O acidente comoveu Alagoas e levantou questionamentos sobre a segurança do transporte público e as condições dos veículos utilizados para atividades culturais e educacionais. A resposta da investigação será determinante para evitar novas tragédias.