Política

Temer contradiz Cunha e descarta sofrer sabotagem

06/07/2015 21h09
Temer contradiz Cunha e descarta sofrer sabotagem

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), explicou nesta segunda-feira (6) — logo após reunião de coordenação política com a presidente Dilma Rousseff e ministros — que não se sente sabotado pelo governo federal. Temer informou que permanecerá na função de articulação política do governo com o Congresso.

Na semana passada, o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que Temer estaria sendo “sabotado” pelo PT e, por isso, deveria abandonar a função de negociador com o Congresso logo depois das votações do ajuste fiscal. Temer admitiu dificuldades, mas negou um eventual boicote.

— Não acho sabotagem nenhuma. Há naturais dificuldades, [...] mas a ideia da sabotagem está descartada. Claro que há opiniões de que podem atrapalhar nosso trabalho, mas não creio nisso.

Durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, Temer, que responde pela articulação política do governo, estava cercado dos ministros Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) e Gilberto Kassab (Cidades) e do líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (MS).
Para reforçar sua opinião, o vice-presidente da República deu o exemplo da negociação das emendas dos parlamentares, para a destinação para obras em seus redutos eleitorais, e as negociações com o Ministério do Planejamento.

Ainda sobre as dificuldades, Temer afirmou que, logo depois do retorno de Dilma dos Estados Unidos, foi chamado pela comandante para uma conversa.

— A presidente me chamou para comentar sobre a viagem aos EUA. Também discutimos um pouco sobre a desoneração. Em terceiro lugar, no papel que exerço, insisti que logo teríamos que discutir as funções e as emendas parlamentares. [...] Não tenho preocupação em relação a isso. Estamos agindo adequadamente. A base está dando apoio. A presidente me apoia. Logo que saí de lá, a imprensa noticiou que a presidente me deu mais poderes.

Após a entrevista de Temer, Kassab pediu a palavra e elogiou o trabalho do vice e articulador político do governo com o Congresso. Em seguida, Delcídio Amaral disse ser “testemunha” de como Temer cumpriu em todas as medidas fiscais. Ele classificou o trabalhou como uma “articulação exitosa”.

Aldo Rebelo também falou, mas preferiu discursar sobre o “clima de impeachment”. Ele disse que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, “tem afastado em todas as suas manifestações públicas e entrevistas qualquer ilação ou hipótese sobre o impedimento da presidente da República”. Rebelo também saiu em defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

— Quanto ao presidente do Senado, eu o conheço há 40 anos e não vi em nenhum momento da sua trajetória política o presidente Renan Calheiros distanciado dos compromissos da democracia e da ordem institucional.

Planalto e Judiciário

Na entrevista, Temer também desconversou sobre uma eventual disputa do PMDB ao Planalto: "Podem ter conversas isoladas, mas não é nada institucional. O que queremos é manter a chapa tal como foi eleita até o final do mandato".

Logo em seguida, discursou sobre o problema que um eventual reajuste dos salários do Judiciário poderia causar ao governo. No entanto, ponderou que o governo vai procurar uma alternativa para o aumento.

— Cria um problema para o Executivo uma vez que os valores são acentuados. Mas as conversas continuam. Ainda há diálogo com o poder judiciário, que compreende essa situação. Esperamos que as conversas tenham um resultado positivo para os servidores do judiciário, mas também deem um bom resultado para o Executivo.