Política
Aliados de Cunha querem mesmo benefício dado a Dilma
Aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmaram na quinta-feira (1º) que usarão o fatiamento da votação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado para tentar reduzir a punição ao ex-presidente da Câmara.
Carlos Marun (PMDB-MS) e Paulinho da Força (SD-SP), dois dos mais próximos aliados do peemedebista, dizem que defenderão a tese de que o mesmo rito que beneficiou a petista deve ser usado na votação do processo de cassação de Cunha, marcado para o dia 12 de setembro.
Isso apesar das grandes diferenças legais e de tramitação entre um processo de impeachment de um presidente da República e um processo de cassação do mandato de um parlamentar.
Marun e Paulinho insistirão na tese de que possa haver mais de uma votação, não apenas a da perda do mandato.
O objetivo é abrandar a punição, aprovando uma emenda para apenas suspender o mandato de Cunha por um período ou para manter os seus direitos políticos –liberando-o, assim, para tentar recuperar o mandato nas eleições de 2018.
Um dos argumentos dos aliados de Cunha é o de que o fatiamento da decisão do impeachment se deu amparado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que presidiu a última fase do processo.
A ideia é apresentar uma emenda durante a votação, à semelhança do que ocorre na análise de projetos de lei.
Cunha corre o risco de perder o mandato sob a acusação de ter omitido de seus colegas a existência de contas suas no exterior. O deputado afastado é um dos principais acusados de integrar o esquema de corrupção na Petrobras.
ESVAZIAMENTO
Além dessa estratégia, os aliados de Cunha continuam trabalhando paraesvaziar ao máximo a sessão do dia 12. Quanto mais ausências ou abstenções, melhor para o deputado, já que ele só terá o mandato cassado caso haja o voto nesse sentido de pelo menos 257 de seus 512 colegas.
A data cai numa segunda-feira, dia de baixa presença na Casa. A proximidade das eleições municipais também contribui para o esvaziamento da sessão.
Uma terceira frente é a de tentar empurrar a sessão para a semana seguinte (dia 19) ou para novembro, na volta dos deputados das eleições municipais. Aliados de Cunha dizem acreditar que fechadas as urnas os deputados que têm interesses eleitorais nesta disputa ficariam mais confortáveis para livrar o peemedebista da punição.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a dizer nesta quinta que não há ainda uma definição sobre o rito que será adotado.
Adversários de Cunha afirmam que não aceitarão a manobra e que o caso deve desembocar no Supremo.