Política

Campanha esvazia Congresso nas duas últimas semanas de setembro

19/09/2016 12h12
Campanha esvazia Congresso nas duas últimas semanas de setembro

Na reta final da campanha eleitoral municipal, a Câmara e o Senado ficarão esvaziados nas próximas duas semanas devido à ausência daqueles que vão disputar as eleições no dia 2 de outubro e de parlamentares que irão às suas bases eleitorais para marcar presença ao lado de correligionários candidatos.

Tradicionalmente, não costumam nem ser marcadas votações para esta época pré-eleitoral. De última hora, porém, foi convocada uma sessão conjunta do Congresso Nacional, com deputados e senadores, nesta segunda-feira (19). O motivo foi o cancelamento da sessão que deveria ter ocorrido na semana passada.

Assim como nas últimas semanas, Câmara e Senado também marcaram sessões deliberativas para segunda e terça-feira. A razão principal da convocação, no entanto, é fazer com que os parlamentares compareçam e, assim, garantir quórum na sessão do Congresso. Depois, não haverá mais nenhuma votação até a eleição. Nas últimas semanas, os trabalhos já estavam sendo concentrados nos dois primeiros dias da semana.

Liberados, os parlamentares aproveitam o “recesso branco” para participar das campanhas – alguns ficam com agenda quase tão cheia quanto a do próprio candidato.

O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), conta que tem rodado de 1.800 km a 2.000 km por fim de semana visitando cidades no interior do estado onde há petistas na disputa.

“Tenho ido a três ou quatro municípios por dia. E as distâncias no meu estado são muito longas. Nessas semanas finais, a demanda aumentará ainda mais”, relata.

Líder do PSDB na Câmara, o deputado Antonio Imbassahy (BA) também tem sido requisitado para as campanhas de outros tucanos. “Faço comícios ou caminhadas, participo de reuniões e faço algumas gravações”, diz.

A rotina dele é parecida com a do líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), que chega a incluir até a visita direta aos eleitores. "Além de ser líder do DEM na Câmara, sou presidente do partido no Amazonas. Todos querem minha presença para ajudá-los a pedir votos", afirma.

Busca por apoio futuro

No planejamento do líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), presidente do diretório estadual do partido, constam 16 cidades paranaenses em apenas quatro dias. A maratona se justifica: em troca do apoio agora, os parlamentares garantem a sustentação para as próximas eleições em que eles próprios disputarão algum cargo eletivo.

“Estamos falando de grupos políticos e partidos são equipes. Então, é natural que, quando há uma disputa política dessa natureza, quem não está diretamente envolvido nela apoie seus colegas de partido e depois ocorra o inverso. É mais do que simplesmente uma troca, é uma lógica de equipe”, explica Cláudio Couto, professor de ciência política da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

Dos 513 deputados, 48 (quase 10%) concorrem diretamente ao cargo de prefeito ou vice-prefeito. No Senado, há apenas dois candidatos: Marta Suplicy (PMDB-SP), que tenta se eleger prefeita de São Paulo, e Marcello Crivella (PRB-RJ), que pleiteia o comando do Executivo na cidade do Rio de Janeiro.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) é uma das parlamentares com mais compromissos agendados no seu estado. Segundo a assessoria dela, a parlamentar pretende visitar 180 municípios gaúchos até o dia 2 de outubro.

Até o momento, Ana Amélia já visitou cerca de cem cidades, 38 delas somente entre os dias 3 e 7 de setembro, quando aproveitou o feriado da Independência para colocar os compromissos com correligionários em dia. Nesse período, percorreu o litoral do Rio Grande do Sul, a região do Vale do Taquari e também o sul do estado.

Por ser líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE) tem tido, segundo a assessoria, menos tempo para viajar pelo interior de Pernambuco para participar de campanhas porque precisa participar de reuniões no Senado e também na Executiva Nacional do PT. Ainda assim, Costa já visitou 17 cidades e a meta é participar de campanhas em 30 municípios pernambucanos até o primeiro turno das eleições.

Em Santa Catarina, o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (PSDB-SC), visitou 21 cidades do interior desde a última quarta-feira (14) até este sábado (17), segundo sua assessoria – uma média de cinco cidades por dia.

Há ainda senadores que pediram licença do mandato para, entre outras razões, dedicarem-se a campanhas municipais. É o caso de Acir Gurgacz (PDT-RO) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que deram os assentos a suplentes por 120 dias.

Votações

A convocação da sessão do Congresso nesta segunda chegou a pegar muitos de surpresa. O deputado Chico Alencar (PSOL-SP) é um dos que já tinham agendado compromissos fora do parlamento.

"Havia um acordo de que nas próximas semanas não teríamos sessões deliberativas. O presidente Rodrigo Maia decidiu marcar uma para a próxima segunda sem discutir com o colegiado, mas é legítimo. Ele quer reunir quórum para a sessão do Congresso", pondera.

O deputado apresentou um pedido de licença à Câmara para não ter a falta descontada, mas ainda é incerto se a sua justificativa será aceita. Isso porque, atualmente, as regras da Casa só permitem o abono de falta em caso de doença ou missão oficial em nome da Câmara.

Na pauta da sessão do Congresso desta segunda, constam matérias de interesse do governo federal, como projetos de abertura de créditos suplementares. Um deles é o que autoriza a liberação para o Ministério da Educação de R$ 400,9 milhões para realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de R$ 702,5 milhões para o Programa de Financiamento Estudantil (Fies).